sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A bolha chinesa e eu!


Está um meco ( do francês mec, vulgo gajo) a tentar encontrar formas de cooperação entre empresas chinesas e ocidentais e não pára de receber um ficheiro da internet intitulado “ a bolha chinesa”!

Os meus amigos, inimigos e indiferentes sabem que vivi cerca de 7 anos na China (em Macau e Hong Kong) e que estou neste momento envolvido como representante de uma empresa chinesa para 13 países significativos em vários continentes.

A China é um país que muito em breve vai tomar as rédeas de grande parte da economia do mundo, incluindo a Europa. Esta afirmação é inegável, quer se goste ou não.

Nos tempos em que lá vivi e trabalhei e agora nas minhas frequentes deslocações, tenho convicções fundamentadas sobre o meu modo de encarar o Império do Meio.

Uma história milenar – não sei se sabiam que em todo o seu passado a China só teve 9 anos seguidos de paz – cheia de peripécias, invasões, líderes fascinantes e outros tortuosos e cruéis, um povo trabalhador e ordeiro mas cinzento porque a sua população e a dimensão do seu território, não permitem “larguezas” de qualidade de vida para todos por igual.

Esta característica de indiferença perante a adversidade e uma resignação aparente da menos sorte que bafeja a maioria dos chineses, não é só fruto da tão apregoada falta de democracia pelo Ocidente! É a sorte do resto do mundo, pois se o sistema democrático parlamentar, sem embargo dos méritos que se lhe reconhece, põe de “pantanas” países, Continentes, o que seria se na China com 1,3 biliões de habitantes, cada “chinoca” se pusesse a pensar de sua maneira!

Não que defenda os atropelos à liberdade nem aos direitos humanos, mas há que entender o conceito de tempo, que para os chineses é distinto do Ocidente. Relembro aqui a célebre resposta de Zhou EnLai quando lhe perguntaram sobre o impacto da Revolução Francesa no mundo ocidental: "The impact of the French revolution on western civilization -- too early to tell.

Há de tudo nos chineses: aldrabões, trapalhões e precipitados, charlatães e mal formados, arrogantes, tímidos e introvertidos, estranhos à nossa abertura de espírito e variegada aceitação de outros mundos.

Estão só agora a sair para o exterior. É preciso e urgente lá ir e opinar depois de os conhecer nos seus habitats com as dificuldades e “engasganços” nos processos de desenvolvimento civilizacional.

É preciso ter paciência, tolerância e vontade em entendê-los. Sem cedências, quand-même! O que é mal é mal, o que é bom merece ser elogiado!

Mas também há heróis sublimes, um país com uma variedade de culturas e beleza natural, poetas, guerreiros valorosos, homens sérios e trabalhadores, modernos e esforçados e com visão do futuro.

É com estes que quero trabalhar e construir o futuro.

A bolha chinesa? E a espanhola e a portuguesa e a grega e a americana?

Não é inteligente que pague o justo pelo pecador, mas o tema dá para milénios de discussão!

Até lá!

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