domingo, 24 de janeiro de 2010
Quando às vezes
Quando às vezes, de noite,
se fecha uma janela
pensamos que a lua
não tardará em abri-la
com as suas pétalas de cera e de promessas.
Aguardamos que surja uma nova maneira
de entrelaçar os dedos. E dizemos
àqueles a quem amamos:
“ A Primavera volta sempre”.
A solidão, espelho obscuro, fecha
as portas do seu reino,
daquele do qual, de quando em quando,
parece que fugimos. Mas quem pode
dizer que não está sozinho?
Na raiz se encontra a vida e
é a raiz a solidão da árvore.
Poderei perguntar-te: “ dás-me a tua mão
um dia?”
Poderei perguntar-te : “ tudo estará bem,
por fim um dia? “.
Esperei-te, em praças perpassadas
por opulentos meios-dias,
com o olhar sigiloso
fixo no ar e uma mão dolorosa
de solidão ácida na garganta.
E hoje, numa cidade conhecida,
de novo te pergunto se poderei dizer:
“ dás-me a tua mão um dia? “.
Entre uma tristeza demasiado grande
para uma vida a sós, escuta, escuta,
depois de passeares sem companhia,
quero saber se eu terei direito a dizer
uma só vez:
“ é aqui que chega finalmente
a minha parte de alegria”!
Há olhares que fazem
florescer jardins.
De repente olham-nos e dizemos:
“ Deve estar a chegar a Primavera”.
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