quinta-feira, 31 de outubro de 2019

O meu dia de anos


O meu dia de anos

Em primeiro lugar gostava de agradecer a todos quantos se manifestaram por escrito de variadíssimas maneiras e me telefonaram. Cala bem fundo no meu coração pois nestes dias em que somos, nem que por 24h, quem “arrisca” mais um ano de vida, é bom sentir que não somos indiferentes no esforço diário, no meu caso, que faço por ser melhor para os outros, mais humilde e realista em relação ao que é verdadeiramente importante até aos meus últimos dias e sobretudo fazer um esforço para não julgar facilmente terceiros. Se o consigo é um pouco irrelevante, pois é difícil julgar-me, mas o que interessa é a intenção de o fazer e estar atento aos outros para mudar de curso ou rota quando o bom-senso ou a realidade imperam.

Já repararam como o dia-a-dia é difícil e espinhoso? Claro que não me refiro à parte material como a mais relevante, seja-se ou não rico ou remediado ou mesmo pobre. Tem a sua importância e reflexos nos menos tranquilos interiormente e se bem que se deva fazer um esforço para proporcionar a si próprio e à família o bem-estar a que têm direito, a minha constatação é dirigida ao tempo que medeia entre o abrir dos olhos de manhã ao acordar e fechá-los antes de adormecer.

Tanto que pode acontecer durante essas horas, luzes e sombras, mortes, tristezas, abandono, injustiças, solidão e enganos desastrados na tomada de decisões….uma canseira. Diminuir a atenção, mesmo quanto aos pequenos detalhes podem fazer como o rolar de uma bola que começa pequena e se agiganta na neve.

E mesmo que haja algum treino e até um feitio proactivo, quando com tempo se faz uma introspecção concluímos que somos sortudos em estarmos vivos, ter a saúde que se tem, e o grau de “felicidade” a que se chegou. Depois é medir ou em “metros de tempo” ou dias de vida o quanto faltará, estimativamente, até à partida.

Não fazer isto é possível até aos 50 a 55 anos, mas depois e com tudo quanto vemos à nossa volta de mortes precoces, é não saber, verdadeiramente, como aproveitarmos da melhor maneira o tempo.
Amar, gostar, viajar, ler, descansar, fazer negócios sem ser por obrigação para trabalharmos no pão-nosso de cada dia, apreciar a música, clássica e contemporânea, grandes artistas que nos enchem a alma e se possível pensarmos em quem precisa de nós em termos de companhia, apoio moral, conversa, gestão da velhice, redução do sofrimento, minorando a infelicidade que cada vez mais vai afectando os idosos.

Qualquer actividade de solidariedade pessoal, social, colectiva com novos e velhos, doentes ou sãos, deve merecer a nossa entrega para nos esquecermos de nós e das nossas “maleitas”. Somos umas “grandes vítimas” de tudo e esquecemo-nos do que se vai passando no mundo.

Na minha vertente de voluntário no sector prisional que muitos conheceram e que terminou vou agora iniciar um novo projecto que terá a ver com o tempo que decorre entre a reforma e o início de estados terminais de doenças.

A ideia é fazer em zonas prazenteiras e bonitas do nosso país, nomeadamente mais para o sul ( Alentejo e Algarve, não em zonas costeiras) como se fossem umas novas vilas/aldeias modernas, limpas e confortáveis com habitantes pensionistas em que em conjunto mas com privacidade individual (haverá várias modalidades) possam passar os últimos anos úteis da sua vida, sem serem “enfiados” em lares bafientos e a tomarem pastilhas de manhã para ficarem “quietos” para o resto do dia.

Está em embrião e estou a precisar de constituir uma task force composta pelos profissionais que terão a ver com o projecto ( arquitectos, engenheiros, construtores, decoradores, médicos, enfermeiros etccc) para começarmos rapidamente e com eficácia a trabalhar. Será necessário estudar o financiamento do projecto mas temos ideias e uma vez tornado rentável mas não oneroso para os “habitantes” e já com tudo planeado pela iniciativa privada, convocar o Estado para fiscalmente aliviar a realização E CONCRETIZAÇÃO DESTES PROJECTOS.

Isto existe com muito sucesso em muitos países da Europa e poderemos contar com pensionistas estrangeiros de grande envergadura bem como de seguradoras que estarão interessadas em criar um produto atractivo para os seus clientes.

Ora vêem, começar um novo ano, cheio de ideias e projectos já é em si um motivo de alegria pelo dia de hoje.

Mantervos-ei ao corrente do desenvolvimento ou não deste projecto que já começou a ser estudado. É uma modalidade diferente da que já existe nos grandes Grupos portugueses de saúde privada.

Bem-hajam pelos vossos parabéns.

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