segunda-feira, 2 de abril de 2018

THE IMPORTANCE OF BEING EARNST


THE IMPORTANCE OF BEING EARNST

Neste caso quero referir-me à importância de se ser cada um, não tanto no conceito literal de “importância” seja a que título for, mas no sentido de guardarmos respeito por nós próprios.

Ao crescermos desde muito novos há os que são “Maria ou Manuel vai com os outros” e durante anos e anos, mantém-se sem personalidade, sem marcarem as suas posições em relação a nada de nada, em suma num silêncio que pode ter várias razões: timidez, estupidez, desinteresse da vida em geral desde que os mínimos estejam assegurados, preguiça de pensar e observar, traumas familiares, etc.

Há os que ao contrário, tendo crescido em famílias vivas, com interesse em formar os filhos proporcionando-lhes o acesso à cultura e ao ensino qualificado, à leitura, à música, às viagens ao convívio social com pessoas da mesma idade e com mais velhos seja da Família ou de fora, à liberdade e responsabilidade, ao direito de ter opinião, são o oposto dos outros.

Os primeiros são umas osgas, umas minhocas, que não suscitam interesse em serem conhecidos pelos segundos que podem ser, às vezes, um pouco excitados, convencidos e “speedy gonzález”, com desejo de se evidenciarem e opinarem a todo o momento.

“In medio virtus est”, um bom princípio de ascética, que condena o relaxamento, ao mesmo tempo que o rigorismo.

Este tema da personalidade pode ser abordado por muitas vertentes, mas hoje quero sobretudo fixar-me na consciência cívica, ou seja no comportamento perante a política, os ideais que defendem e o conhecimento aturado e profundo da "res publica", que se deseja que exista.

Os tempos estão mais fáceis desde a democracia e só quem não quer é que não principia a envolver-se ou na vida partidária, ou preferindo ser independente, em outras organizações ou instituições estudantis, ou querendo, fazê-lo por outro meio menos exposto, ou não fazendo rigorosamente nada.

Deixando para outros a dicotomia esquerda e direita, queria agora referir-me ao que sempre me atraiu: a liberdade em todas as vertentes, a cultura, o contacto com todos “os outros” sem preconceitos nem excepções. Devido não só à minha estadia vários anos na China e o trabalho com muitos tipos de nacionalidades, criei um aguçado interesse pelo "novo".

Observo o passado com interesse, justiça e rigor, e o mais objectivamente que consigo e dele tiro lições para o presente, mas sobretudo para o futuro: o que não quero e o que, actualizado, me faz lutar por.

Infelizmente em Portugal no seio das próprias famílias assiste-se a disputas políticas quase insanáveis, nos empregos, na vida social a beber uma cerveja vem a inevitável discussão política e a conversa extrema-se. Sai tudo carrancudo e não se adiantou um "pimento".

Pelas características de alguns e não poucos políticos portugueses dos últimos tempos, a apetência para servir a coisa pública por pessoas responsáveis e capazes, diminuiu estrondosamente e deu causa a que corruptos, impreparados, falsificadores e outros epítetos desagradáveis, trepassem ao poleiro do poder.

Por isso a juventude alheia-se da política e não entende que os sérios e competentes serão ou deverão ser aqueles que constroem o futuro do seu país e o dos seus filhos. Este comodismo em se oferecerem para ocupar postos, mesmo modestos, ( ao nível das freguesias ou assembleias municipais) mas importantes porque são a base das instituições políticas locais, é eventualmente compatível com o desempenho principal da sua vida laboral e no momento em que é preciso imperar o bom-senso, a seriedade e a dedicação os cidadãos sabem que estão bem representados. Naturalmente que há muitas excepções honrosas quer de todos os partidos quer de independentes, mas não chega!

A finalizar, eu próprio que fiz durante a minha vida profissional e em mais novo, uma caminhada paralela na política, e por isso sei do que falo, tenho horror a discussões carismáticas com pessoas que se julgam bem informadas, e não conseguem ver para além “du bout de son nez”. E estou a falar dentro das famílias e de meios civilizados mas ou de uma direita passiva, bolorenta, inculta e não actualizada, que ao serem preconceituosos não aportam nem soluções nem o reconhecimento factual de soluções eficazes dos seus oponentes e por outro lado de uma esquerda festiva ou ortodoxa e fechada que vai se insidiando no poder através de militantes activos, preparados para vencer e sem temerem o descaramento de posições que qualquer
“bonus pater familiae” (bom pai de família - refere-se a um padrão de cautela, análogo ao do homem razoável no direito inglês) condenaria sem hesitação por ser contrário à maioria do interesse e legitimidade dos seus concidadãos.

Nestas ocasiões de festas do calendário aonde há mais tempo para um convívio social entre amigos, familiares e terceiros que se vão conhecendo, os “sábios de copo de bebidas alcoólicas na mão” são às dezenas e não passam daí. Esta ausência de perspicácia e a teimosia em não saírem das suas posições inflexíveis cria um incentivo a que quem assim não pensa, deixe de perder tempo com o seu “latim” e "guarde de Conrado o prudente silêncio".

Por isso eu digo que é importante ser-se cada um e não fazer parte de carneiradas que levam a redis com cercas.

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