UM AMIGO, VÁRIOS NOVOS AMIGOS
Hoje apeteceu-me falar sobre a amizade e sobre o meu conceito de AMIGO que pode ser tão subjectivo.
Hoje conheci um presencialmente, de que tenho vindo a ouvir falar e ler
e trocar correspondência. Foi num pequeno e típico café da Alfama,
chamado de Ma’fama, e falámos logo de tanta coisa, em vírgula, como se
nos conhecêssemos de há muito.
Há sempre em mim uma renovada vontade
de recomeçar e pôr o conta-quilómetros a zero e sobretudo ouvir novas
vidas, novas esperanças e planos e também desaires passados que todos
temos, senão mesmo presentes.
Partimos desta conversa para outras
aventuras de que ambos vamos tentar ser bem sucedidos, enfunar as velas
da caravela, numa sintonia entre o piloto e o navegador pois o navio
não singra se não houver união de esforços.
Mais novo, com filhos
e com uma vida bem interessante e experimentada. A conversa de hoje não
passou de um ensaio, vamos ver se dá em peça de teatro. Como tenho
escrito, os actores no palco, o que exprimem para os espectadores, o
riso ou o drama, nem sempre corresponde ao que vai na alma, mas o
“contrato” com o autor da peça é representá-lo tal como ele a escreveu. E
por vezes, quanta vontade há de chorar e ter que sorrir na rotina
diária da representação, mas é isto que qualifica o bom actor e o faz
diferir do mau.
Entre nós não houve teatro e pelo contrário, no
pouco tempo disponível, pareceu-me que houve vontade em edificar um
edifício em comum, pedra a pedra, aonde em cada andar haja uma variedade
de coisas interessantes para mostrar a quem tenha a sensibilidade e
vontade de ver e entender.
É um bom desafio e une-nos, entre
outras coisas, a nossa prática de anarquistas civilizados, o que vai
sendo um luxo nos dias que correm. Atenção, por isso, para o facto de ao
tentarmos ser eficazes na discrição e na acção, não significará que não
possamos ser glorificados e lembrados mais tarde na História pelos
feitos realizados….ahahahaah
O outro Amigo, mais velho do que eu,
conheci-o este Verão num hotel do Algarve aonde fiquei hospedado uns
dias. Hotel de uma família que conheço desde há muito, bem situado,
simples e cómodo e com uma praia excelente e uma cabana aonde se comem
óptimas iguarias, nomeadamente peixe.
Foi-me apresentado com a
Mulher por amigos comuns e passado uns momentos de conversa ficou claro
que eram sogros de um primo meu.
Fomos convivendo na praia, eu
passava no toldo e trocávamos uns dedos de conversa mas ainda um pouco formal
ainda que natural. Um dia na dita cabana, convidaram-me para almoçar a
que eu acedi de bom grado e honrado. Falámos sobre tudo, numa tarde de
Algarve, com uma luz e meia-sombra esplendorosas e com um tempo
magnífico.
Voltámos a falar várias vezes antes de eu partir e assim ficámos.
Já não me lembro quem tomou a iniciativa de contactar de novo e temos
vindo a almoçar os dois e a tagarelar por WhatsApp e telemóvel.
Como posso descrever este meu novo AMIGO? Impecável, com um passado
honroso na defesa da Pátria pois é militar, inteligente, com
sensibilidade e uma cortesia inexcedível que passou a ser gestos de
amizade e falamos e comentamos e rimo-nos sobre tudo. Sentimo-nos bem em
conjunto.
Temos algumas diferenças insanáveis: de clubes de
futebol e sobre a perspectiva do 25 de Abril. Eu um anti-fácista….e ele
um pró-regime anterior…ahahahah
Como somos ambos suficientemente
equilibrados, só falamos nestes dois assuntos quando é para taquinar o
outro a propósito de alguma coisa.
Tenho tido estas experiências
ao longo da minha vida pessoal e profissional pelos sítios por onde
tenho andado e vivido e trabalhado, no Oriente, no Brasil, nos USA e em
África que me têm enriquecido como ser humano e desenvolvido em mim uma
maior compreensão dos outros, a obrigação de não julgar fàcilmente, o
respeito e a admiração por outras formas de pensar e estar e isto tanto
com homens como com mulheres, mais jovens ou mais velhos/as de todas as
raças e credos.
Espero que no paraíso existam vagas de Public
Relations para acolher tanta gente boa e algumas vezes má ( essa irá
para o inferno..que não existe, mas mereceriam ir anyway) que tem
tornado a minha vida verdadeiramente numa aventura plena de experiências
e de riqueza interior.
Há muitos conhecidos e até velhos amigos
de toda uma vida, mas o tempo vai seleccionando os momentos de escolha.
No entanto estou sempre disponível para quem consiga despertar em mim a
vontade de premir o tal botão atrás do ouvido e passar a ouvir de novo
mesmo depois de muitos anos.
Na verdadeira amizade, não há tempo nem intensidade favoritas. Há sobretudo vontade de ir ao encontro.