quarta-feira, 18 de outubro de 2017

INCÊNDIOS VISTOS DE FORA - ALGUMAS PERGUNTAS



INCÊNDIOS VISTOS DE FORA - ALGUMAS PERGUNTAS


Quando se está longe das tragédias que afligem o nosso país e as nossas gentes, fica -se sufocado quando se vêem as imagens e se adivinha o sofrimento e a desorientação que deve grassar por todo o lado e a todos os níveis. Muito triste, preocupante pela impossibilidade de controlar e carreando uma enorme incerteza: estes ou outros saberiam ser melhores ou evitarem uma sucessão de má-gestão, incompetência e um factor de que nos esquecemos com frequência: SOMOS UM PAÍS POBRE. PODE ser vexatório, incómodo de assumir mas na realidade tanto faz serem os Costas, ou os Coelhos, ou os Sócrates, ou os Cavacos ou mesmo os Marcelos deste mundo.
O que fazer? Como costumamos actuar: improvisando com heroicidade, umas vezes safando-nos por uma unha negra cuja causa/s são logo esquecidas, outras e são a maioria das vezes, f..........do-nos em mortes, mais despesa e continuação de atraso.
Pergunta sem intenção de ofender, nem desmerecer, nem não reconhecer a valentia, bravura, sacrifício e abnegação e heroísmo até à morte:

- SÃO A MAIORIA DOS BOMBEIROS E SEUS CHEFES OPERACIONAIS BEM FORMADOS, TREINADOS, PAGOS PARA SUSTENTAREM AS FAMÍLIAS ENQUANTO SÃO VOLUNTÁRIOS POR ESSAS TERRAS FORA QUE ARDEM DESALMADAMENTE? NÃO HÁ DISTO NO PORTO, NEM EM LISBOA, NEM EM COIMBRA,,,,ETC. São aldeias e terreolas em que o marçano é voluntário à portuguesa! NÃO tem a ver com eles mas sim com as autarquias e Governo.
- e há controlo apertado quer da desmatação quer dos incendiários (estes últimos como os terroristas - deviam ser abatidos no acto). Quanto à desmatação para quem não tem dinheiro podem fazê-lo empresas municipais a quem eventualmente paguem de uma forma mais suave o custo ou na diminuição de impostos.
Poderia estar aqui horas a desenhar opções para serem estudadas ou rejeitadas, modificadas.

domingo, 15 de outubro de 2017

Porque vos escrevo

Porque vos escrevo

Estive a escrever uma carta pequena mas sentida para o noivo da minha Filha que vou encontrar pela primeira vez em Singapura.
0 que é que um Pai que adora a sua Filha pensa quando vai ao encontro de quem a outro nível de amor lhe conquistou o coração? Que com toda a intensidade "entrego-a" para que seja feliz, nos bons e nos maus momentos, na tristeza e na alegria, na saúde e na doença. Isto não tem a ver com crenças religiosas mas com a realidade da vida de cada um de nós.
Vou-lhe dar um presente que herdei de um meu Bisavô que era um Homem Bom e de paz. Foi Presidente do Supremo Tribunal de Justiça mas ganhou esta peça em prata trabalhada muito bonita quando estava como Presidente da Relação de Goa.
Conseguiu apaziguar e celebrar a paz entre etnias que se degladiavam ferozmente por ser um Homem de bem, de paz e simples no coração.
Os Bramânes e os chefes das respectivas etnias fizeram questão de lhe entregar esta bonita peça, valiosa pelo sentido.

É na pressuposição de que não somos donos das coisas que eu lhe confio a minha Filha e este símbolo da nossa Família.

Não sei porque vos conto isto aqui que é ao mesmo tempo íntimo para os amigos e público.

Talvez nestes tempos conturbados, de dificuldades e de querelas, de julgamentos e acusações, o testemunho simples de um Pai que ama a sua Filha possa despertar em outros sentimentos de alegria e de alguma comoção.

Manel ainda em Lisboa e quase a partir para Singapura

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Sócrates I






Qualquer outro arguido deve ter uma raiva de morte às TVs principalmente pela audiência dada a Sócrates!

O que eu penso à séria do Sócrates


O que eu penso à séria do Sócrates:
- é um trafulha, pouco sério, mal educado, não tem categoria para estar à frente de nenhum país como governante e nenhuma pessoa séria actua como ele o fez.
É amoral, sem classe, novo-rico e esbanjador, não tem vergonha de despender em gastos pessoais sumptuários milhares de euros quando há miséria no país. É socialista e da esquerda festiva e eu não gosto e estou no meu direito.
Espero que seja julgado com justiça e equidade mas que devolva o dinheiro com que foi corrompido, que vá passar mais uns anos na prisão porque bem merece sobretudo para dar o exemplo que"o crime não compensa".
Sou Advogado e homem de negócios e sei que ninguém é a Madre Teresa de Calcutá nem primo do Director do Fisco, mas a sua troupe de malfeitores só cometeu ilegalidades descaradas e merece ser punida.
Dito isto, estou sinceramente disposto a visitá-lo na prisão para o ajudar a reinserir-se na sociedade civil e tornar-se um bom cidadão.

O PENINHA FOI APANHADO NO MEIO DA PORRADA QUANDO TENTAVA MEDIAR ENTRE MADRID E CATALUNHA


O PENINHA FOI APANHADO NO MEIO DA PORRADA QUANDO TENTAVA MEDIAR ENTRE MADRID E CATALUNHA

No seguimento dos convites de Rajoy e de Puigdemont de ontem para se deslocar a Barcelona e tentar mediar uma solução para o conflito, Peninha vestiu-se de campino do Ribatejo e pôs-se no meio das partes gritando:

- Ópás tengan calmia pues todo se resuelve! e depois tentou em catalão que lhe tinham dito que era parecido com algumas palavras de português: - Ópás, axim no vá nada, puerra! Miró, pero no cuadros BPN, lo que se paxa Correia Nuerte, están aqui están a levar bomba atomica nos cuernos.

Pax, Pax amigues...lembrou-se do Eanes em Alcains que acabava tudo em "e".


De repente vem a voar uma cadeira que lhe parte la tromba, tuve que ir al hospital y vueltou a Portugal lixado.

O PENINHA E A DEFESA DE SÓCRATES PARA QUE FOI CONTRATADO


O PENINHA E A DEFESA DE SÓCRATES PARA QUE FOI CONTRATADO

Mal o Peninha chegou ao escritório de Sócrates e começou a ouvir as aldrabices e estratégias que queriam que ele dissesse, levantou-se, deu um murro na mesa e disse:

- Sócrates, comigo não contas e saiu muito digno.Não reparou, porém, que lhe tinham metido no bolso um maço de 100 notas de quinhentos euros para ele se calar.

Mal chegou a casa contou à Adélinha a atitude que tinha tomado e com grande espanto viu que ela lhe tirou do bolso o maçalhão de notas!

No dia seguinte foram ao banco para verificar se eram genuínas e foi-lhes dito que eram todas FALSAS!

Só duques é que lhe saíam!

terça-feira, 10 de outubro de 2017

O PENINHA E O JANTAR NA AJUDA DOS REIS DA HOLANDA


O PENINHA E O JANTAR NA AJUDA DOS REIS DA HOLANDA

O Peninha distraiu-se e não se lembrou de amanteigar os meninos do Protocolo para cravar um convite para o jantar na Ajuda desta noite.

Ainda telefonou para Belém, atendeu-lhe a d. Ricardina, funcionária na reforma que dá uma ajuda fóra das horas de serviço, por amor à casa, e quando lhe pediu encarecidamente que passasse o telefone ao Senhor Presidente, ela respondeu-lhe:

- Sua Excelència está com o alfaiate a provar a casaca pois com o peso das condecorações já teve que subir os ombros umas duas vezes.

Peninha achou que pelo menos era uma conversa íntima que ela lhe estava a contar e ficou todo ufano. Falou-lhe da hipótese de arranjar um convite para a recepção e jantar mas a d. Ricardina foi inflexível.

Ficaram então os dois ali a cavaquear (ela era do tempo do Cavaco) e a d. Ricardina disse-lhe uma série de verdades com o bom senso de quem já viu muito na vida. Ela fora modista no protocolo de Estado.

- Olhe Sr. Peninha, tome bem nota disto que lhe vou dizer:

1. Estes e todos os Reis e Presidentes estão-se nas tintas para todos os convidados e a maioria dos casos para o próprio Anfitrião. Depende se é de um país importante, e o nosso não é.

2. Têm mais interesse nas fotografias e na imprensa.

3. Têm dentaduras postiças que mostram belas pianolas para aguentarem tanto tempo com tantos sorrisos.

4. Acham ridículo aqueles que vêm ajoujados de condecorações tipo Idi Amin Dada, porque a maior parte ou são falsas, desconhecidas ou não têm qualquer importância.

5. O Palácio da Ajuda tem umas mãos de Senhora e de Homem com luvas ou sem luvas, hoje em dia de gel e silicone para dar a sensação de humanas, para saudar os chatos que fazem questão de apertar as mãos.

6. Detestam fazer conversa de circunstância e já têm uma agenda prévia de temas que vão passando consoante os ajudantes de campo lhes vão dizendo.

7. Os comeres ou são pré-combinados e eles lá comem como se estivessem em casa, ou se lhes oferecem cabrito assado ou bacalhau espiritual é um sarilho por causa dos dentes. Felizmente que em cada lugar da mesa há palitos de prata que vão servindo, depois de utilizados e lavados, de banquete em banquete.

8. Não podem arrotar, nem dar ventos reais e se por acaso querem ir à casinha, o Palácio da Ajuda tem fraldas DODOT que se usam debaixo das saias ou casaca.

9. No fim uns discursos de merda e vai tudo para casa muito contente.

O que é verdade, Sr. Peninha, é que ninguém reparou em si e isso é vergonhoso, ofensivo e anti-democrático, digo-lho eu!

Peninha ouviu consolado todas estas verdades e decidiu que ia, então, pôr-se à porta do Palácio da Ajuda com uma bandeirinha para acenar quando os Reis passassem.

Chegou a casa e escolheu de uma vitrine cheia de bandeiras a apropriada, apanhou o autocarro e chegou ao portão do Palácio.

Nisto vê vir um carro, assim com gente bem apessoada, e desata a acenar com a bandeirinha. Diz-lhe um vizinho:
- Oh homem, ainda é cedo e este é o carro que traz os criados que já vêm fardados e olhe que a bandeira é a do Luxemburgo!

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

hey JUDE!

hey JUDE!

Hoje lembrei-me da minha Mãe, quando passei em frente da nossa casa do Estoril (a 1ª, a original em frente do Clube de Ténis que hoje é um magnífico centro de Congressos e a nossa antiga casa um prédio de ateliers de arquitectura).

Encontrei o Miguel Soares Franco na bomba do alto da Av.dos Bombeiros a lavar o carro como eu. Sempre fomos muito amigos desde os 8 anos para aí, e o Filipe também.

- Olha leio tudo o que escreves, disse-me com o ar manso e amigo que sempre lhe conheci, boa onda como se diz agora, sorridente e agradável. Falámos de alguns problemas que nos afligem, mais a ele e cada um seguiu para se por na fila para lavar o carro.

Fiquei a pensar que quando algum de nós partir a mão que apertámos com o vigor da ternura e da amizade ir-se-à desprendendo até ficar cada um com a sua. Tive já saudades desse momento, que estupidez.!

Mas voltando à Mãe, morávamos uma data de manos e manas e imenso pessoal e Pais e Avós e Bisavós nesta dita casa naqueles que foram os melhores anos da minha vida em Verões soalheiros, de praia, de ténis, de bicicletas, de festas, as chamadas “reuniões” e a vida corria despreocupada e feliz.

Numa conversa de 3 horas que tive sozinho com a Mãe uma semana antes dela morrer, ambos de mãos dadas, eu a disfarçar as lágrimas que não paravam de cair, de vergonha! a Mãe ia rememorando a nossa vida, os pequenos detalhes da minha infância, a cumplicidade entre nós, uns olhos ternos mas reprovadores das minhas asneiras e disparates, mas já sem tempo de julgar e se o fizesse seria de certeza com uma bondade infinita.

De repente, ergue o pescoço e diz com um fulgor nos olhos e a sorrir : - o menino lembra-se quando logo de manhã o Miguel (Soares Franco) vinha na mota e desafiava-os para saírem e o Pai acordava furioso e chegava à janela e dizia que ainda era muito cedo?

O Tio Ruy e a Tia Belita, tendo mudado de casa para as Areias que era longe de mão, tinham comprado umas motas a pedais para o Miguel e o Filipe que eram comodíssimas.

O código do Miguel para me acordar era o da música dos Beatles: - hey Jude! Que gritava/cantava até eu aparecer à janela, radiante, pronto para sair.

A Mãe não se lembrava do grito e eu disse-lhe baixinho e abanou a cabeça, assentindo.

Soube-me bem vir pela marginal devagar a olhar o mar, com um dia tão bonito e cheio de sol, I wonder como é que olhava tudo através de uma espécie de chuva branda e serena que saía dos meus olhos.

domingo, 8 de outubro de 2017

O PENINHA IA SENDO ALDRABADO


O PENINHA IA SENDO ALDRABADO

Um conhecido do Peninha, o Carlos, andava há que tempos a dizer-lhe que conhecia um príncipe que o Peninha só tinha interesse em encontrar.

Morava fora de Portugal mas o Carlos estava disposto a levá-lo de carro até aonde ele morava. A única pergunta que lhe fazia era se o Peninha tinha algumas poupanças assim de montantes importantes para poder pagar ao príncipe uma grande honra.

O Peninha escondera de Adélinha, a existência de uns €100,000 que juntara no Montepio desde que era novo. Foram os seus padrinhos que se quotizavam e depositavam a cada mês um montante, que ao ser bem administrado, lhe deu para dispor agora desta quantia importante.

Carlos e Peninha partiram de carro uma manhã cedo e a desculpa para a Adélinha era a de que iam buscar tâmaras a Marrocos a um preço muito baixo para lançarem no mercado nacional.

À Adélinha pouco lhe importou pois planeara um novo encontro com o Alípio que faria vir de Braga e lá em casa mesmo fariam um ninho de amor. Peninha falou-lhe em pelo menos 4 dias de carro mais o ir e voltar, e assim Adélinha podia estar tranquila uns 6 dias, sem medo do regresso inopinado do Peninha.

No caminho Peninha que levantara os €100,000 e os sentia junto ao seu bolso, estava curioso em saber de que honra se tratava e perguntou a Carlos se podia guardar alguma soma do dinheiro total para o que desse e viesse.

Carlos abriu o jogo e disse: - vais encontrar-te com o rei da Ruritânea, que se chama don Rosário Helder e que vive no seu reino no meio de Itália.

Peninha não era muito culto nestas coisas de reis e príncipes, mas retorquiu:

- ouve lá se ele é rei da Ruritânea como é que vive em Itália e o reino é dentro de Itália?

Carlos respondeu:- é porque na Ruritânea há uma república e ele está no exílio. Este argumento convenceu um pouco Peninha.

- E ele fala português? Senão como é que eu lhe falo? – disse Peninha.

- Não te preocupes eu trato de tudo. Ele vai dar-te um título de duque de Gibral-Faro e umas condecorações e isso custa tudo os € 100,000 mas ficas com um diploma e passam a chamar-te de duque e a Adélinha é duquesa. Isso é que ela vai gostar.

- Mas não pode ser mais barato, perguntou o Peninha aflito.

- Sim, disse Carlos agastado pela sua comissão que via diminuir. Tens um título de Barão de Odivelas (ao Senhor Roubado) ou Visconde da Baratã de Baixo, mas tem muito menos graça e é menos sonante.

Entretanto estavam a chegar a uma cidade italiana de nome Sebenta do Pó, aonde o don Rosário tinha o palácio real quando viram uma série de carabinieri (nada a ver com os carabineros a la plancha) que são, vá como a nossa GNR, à volta da porta do palácio e a trazerem para um carro celular o don Rosário Helder que olhou desolado para Carlos!

Peninha ficou siderado e perguntou a um casal de emigrantes que assistiam ao acontecimento, o que tinha acontecido:

- Parece que prenderam um gajo que se fazia passar pelo rei da Ruritânea e vai de cana. Fartou-se de enganar papalvos.

Carlos regressou nesse dia mesmo com Peninha que vinha esfusiante de alegria pois não tinha gasto os €100,000 e em Elvas compraram umas caixas de tâmaras para darem à Adélinha e assim justificarem a ausência.

O Alípio não pode vir a Lisboa nesses dias pelo que quando Peninha chegou a casa de surpresa, tudo estava em ordem e depois de se explicar à Adélinha que estava mau tempo em Algeciras para atravessar de barco com o carro, Peninha deu um ligeiro apalpão no rabo grande da Adélinha e disse-lhe baixinho:

- Minha duquesa de Gibral-Faro, havemos de lá ir, mas tens que perder peso para seres uma verdadeira aristocrata.

Ao que se sabe, Carlos continuou com as suas vigarices e foi criando, a troco de comissões chorudas, toda uma corte de nobres genuínos do reino da Ruritânea.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Relação com Deus - Antonio Lobo Antunes

Quando perguntaram a Voltaire como era sua relação com Deus, respondeu
— Cumprimentamo-nos mas não nos falamos
e julgo que, pela minha parte, não ando longe disso, dado haver coisas que me parecem tão injustas.

António Lobo Antunes

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

ARRUMAÇÃO DE IDEIAS



ARRUMAÇÃO DE IDEIAS

Lembrei-me esta noite de arrumar umas quantas ideias que andam dispersas. Estou a ouvir o álbum do Phil Collins e começo pela “That’s just the way it is” que sempre me inspirou calma, ponderação na letra e música.

E dividindo em duas partes o meu exercício de reflexão passo à segunda música: “Do you remember”.

- tantas coisas para relembrar: sonhos, desilusões, planos feitos e desfeitos, tanta coisa boa e menos positiva. Mas se eu quiser fazer um balanço honesto de tudo quanto correu menos bem teve sempre como ponto de partida a minha vontade…pouco importa agora classificar se influenciada ou menos bem esclarecida. Temos sempre a tentação de atirar para cima dos outros as culpas e muitas vezes até pode ser verdade, mas quando se é inteligente, esclarecido e atento trata-se de como nos exércitos, ter uma estratégia de prevenção e um arsenal de armas para nos defendermos.

- dos princípios que fui aprendendo a pôr em prática um ressalta acima de todos. Está ínsito dentro do meu ser: o exercício da liberdade. Outro a verdade, a coragem de ir à luta, e ter compaixão.

Dos defeitos falarão os outros que me conhecem, ainda que eu próprio os conheça bem e não me pareça que haja algum novo a caminho…ahahha….too late.

Dito isto com a displicência com que trato os assuntos que a mim se referem, sou crente e católico ainda que com dificuldades, do centro e contra o marxismo e todos os regimes opressores, gosto da democracia e não seria capaz de viver numa ditadura, sou simpatizante do princípio monárquico moderno e constitucional do exercício do poder.

Curioso do mundo, das gentes, do futuro, da ciência, do progresso, detesto pessoas radicais e extremistas, sou leal e amigo e gosto de amar e ser amado.

Vem tudo isto a propósito para o caso de morrer em “olor de santidade” como um meu antepassado do século XII, Dom Leão de Noronha, poder este meu testemunho ser a base para a abertura de um processo de beatificação.

Termino com a música que canta “ Another day in paradise!” oh think twice…apesar de tudo amanhã espero que o seja e para isso tenho que ser agradecido e gozar cada dia como ele se me apresenta.

Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A Raínha de Espanha que era Portuguesa

A Raínha de Espanha que era Portuguesa

Sabem que existiu uma Rainha de Espanha que era PORTUGUESA e que foi também uma imperatriz europeia?

E tudo envolvido numa extraordinária história de amor.... que começou com um casamento por dinheiro!

Ora leiam:

Antes do rei de Portugal que era espanhol - Filipe II e I de Portugal - Os espanhóis tiveram também uma regente (Rainha consorte) que era portuguesa - a sua própria Mãe.

D Isabel de Portugal era filha de D. Manuel I e de D. Maria, a segunda mulher de D. Manuel. E viria a ser avó de D Sebastião. Seu pai, D Manuel, projectou-lhe o casamento com o Carlos V, imperador de Espanha e da Europa. Do Sacro Império Romano Germânico. O que ocorreu em 1526, já a infanta tinha 23 anos.

Porque é que D Manuel terá tido a ideia de casar a filha com o imperador?
A península Ibérica estava a atravessar um fortíssimo movimento para a unificação política. A península antiga, a do séc XII, estava dividida em vários reinos: Leão, Castela, Navarra, Aragão, Granada e Portugal, Eram 6 reinos. Desses 6 reinos, 5 deles já estavam unidos. Só faltava Portugal.

Como é que se podia defender a independência de Portugal?
Em politica internacional há só 2 caminhos: um é a guerra e o outro é a Paz.
E realmente o nosso Rei Afonso V tentou o caminho da guerra. Fez a guerra e perdeu-a.
O filho de D. Afonso V, que é o D João II, já vai pelo caminho da Paz. Em vez de combates faz casamentos.

Casa os príncipes portugueses com princesas espanholas. Porque isto cria um clima de aliança entre os 2 países.

Portugal e Espanha têm que conviver no mesmo espaço. E já que assim é, melhor que convivam como amigos do que como inimigos.
É por isso que D João II casa o seu filho único com uma princesa espanhola. Mas o príncipe morreu pouco depois numa queda de cavalo. Partiu o pescoço e morreu passadas umas horas.

Sucede-lhe D. Manuel I, que vai casar com a viúva desse príncipe - que é a princesa D. Isabel de Castela, mas também teve pouca sorte. A princesa morre do primeiro parto.

D Manuel não desiste. Repete a cartada e casa com a irmã da D. Isabel. Eram ambas filhas dos Reis católicos com quem D Afonso V tinha andado em Guerra.
D. Manuel casa com a irmã, que é a D. Maria, e desse casamento teve 7 filhos. E depois da D Maria morrer, em 1517, ainda vem a casar com uma sobrinha sua (da D. Maria)!. Quer dizer: as 2 primeiras mulheres de D. Manuel eram filhas dos Reis Católicos e a terceira era neta dos Reis Católicos.
Das 3 vezes tenta alianças com a Casa reinante em Espanha.

Dos 7 filhos do rei D Manuel, o primeiro é D. João (III de Portugal). E o segundo é a Infanta D Isabel. O D. João III casou logo com uma princesa espanhola. Com a D. Catarina que era também uma neta dos Reis Católicos.

Para a segunda filha o casamento ideal seria com o próprio Carlos V que iria ser Rei de Espanha além de Imperador da Alemanha, e isso teria para Portugal muito prestígio. Tratava-se do principal monarca da Europa.

Carlos V tinha herdado 4 grandes heranças reais dos seus 4 avós: da avó rainha Isabel de Castela, herdou o Reino de Castela. Do avô Fernando de Aragão, o reino de Aragão. Do avô Maximiliano da Alemanha, a Coroa Imperial da Alemanha. E da avó Maria de Borgonha, a Flandres e todos os países Baixos.
E isto realmente faz um Império europeu, embora não contínuo. São regiões isoladas.
França, por exemplo, é central e não faz parte do império.

Estas regiões isoladas obrigavam o Imperador a um grande trabalho.
Carlos V estava em guerras constantes. E, para manter as guerras, precisava de dinheiro.
E é exactamente isso o que o leva a optar pela D. Isabel portuguesa.
Repare-se que ele podia casar com quem quisesse, qualquer princesa na Europa gostaria de casar com aquele grande Senhor.

Um Casamento por dinheiro que se transforma na mais bela história de amor...

Mas ele opta pela princesa portuguesa principalmente porque era a princesa que lhe ofereceu o maior dote.
As negociações demoraram muitos anos e acabou por se estabelecer um dote de 900 mil dobras de ouro espanhol. Era uma quantia enorme! Diz o cronista Damião de Góis que "nunca uma princesa levou um dote tão grande".

E Carlos V precisava imensamente de dinheiro para fazer a guerra. Foi portanto um casamento politico de interesse, apenas. Ele nem conhecia a noiva.
Mas esse casamento acaba por se transformar numa linda história de amor.

Casam em 1526. Ela vai até Sevilha mas Carlos V atrasa-se e chega apenas 5 dias mais tarde.
Mas logo que a viu se apaixonou.
Ela era muito bonita, tinha um temperamento sereno, era afectuosa e sobretudo muito culta e inteligente.

Ele tencionava estar ali pouco tempo mas acontece que eles vão para Alhambra de Granada, onde passam 5 meses de lua de mel.
Foi o único tempo que Carlos V concedeu a si próprio.
Esteve 5 meses com a mulher em Granada e ela nunca mais se esqueceu disso.
Foram os únicos 5 meses felizes da sua vida. D. Isabel, no seu testamento, escreveu que quando morresse queria que fosse enterrada em Granada, em lembrança do tempo que ali tinha passado.

Mas esse tempo de amor não podia durar muito. Carlos V não era apenas Rei de Castela. Também era o Imperador da Alemanha. Uma Alemanha inquieta onde tinha acabado de surgir um Lutero, o protestantismo, as revoltas contra os senhores. Uma Alemanha que era um autêntico vulcão.

Carlos V era também o Senhor dos Países Baixos, da Flandres.
Era também Rei de Aragão e, como tal, o Rei de grandes possessões em Itália. Uma Itália também sempre inquieta.
Por isso, depois desta lua de mel, Carlos V sai de Espanha e está 4 anos ausente.

É impressionante a correspondência que ele troca com a Imperatriz. O sentimento entre eles foi muito forte.
Com Carlos V longe de Espanha, é ela a regente de Espanha. A Raínha Consorte.
Prudente, inteligente, equilibrada, durante anos é ela quem governa todos os negócios em Espanha. Dizia-se é como se Espanha tivesse dois Reis.

O imperador, para além de ser muito poderoso é um homem superiormente inteligente e tem um projecto: unir toda a Europa.
Uma Europa só com UM Chefe, UMA fé UMA política.
O chefe é ele. A política é a da Paz, e a fé é a Católica.

E Isso era mesmo necessário porque a Europa atravessava um grave perigo.
Os turcos vindos do Oriente tinham atravessado já o mar Egeu, apoderaram-se da Grécia, ocuparam a Bulgária, chegavam já a cercar Viena.
Era a Europa que ameaçava cair sob a invasão terrível dos Turcos. A Europa tinha que se unir para se defender e o campeão dessa unidade é Carlos V.

Mas contra ele não havia só a ameaça turca.
Havia também aquela terrível fermentação ideológica luterana vinda da Alemanha. Ele não conseguia ter a Alemanha unida. Nem sequer sob a mesma Fé.

Havia também a França que não fazia parte deste bloco mas que queria manter a sua independência e a sua Unidade. E fez uma guerra terrível contra Carlos V. Este acabou por vencer e até por prender o Rei de França. Mas era preciso exércitos, soldados e dinheiro.

Quem é que tinha mais dinheiro? Os ricos países da Flandres.
Carlos V esmagou-os com impostos. E os flamengos revoltaram-se.
E ele agora tem 4 inimigos contra si. Os flamengos revoltados, os turcos que o invadem, as cidades da Itália que se sobrelevam, e também a Alemanha protestante.
Carlos V lida com guerras durante 40 anos.

Entretanto, em 1536, a imperatriz morre na sequência de um parto.
Ela foi tendo vários filhos que iam morrendo em crianças. E ela própria acaba por morrer em Toledo com apenas 36 anos.

O imperador teve um desgosto profundo que o vai acompanhar toda a sua vida.
Ele nunca mais viria a esquecer aquela mulher. Não voltou a casar, e com o tempo aquela imagem vai-se tornando mais dominante.
Quatro anos depois dela morrer, ele chama um grande pintor - Ticiano - e pede-lhe que lhe pinte um retrato da imperatriz. Ticiano serve-se de outros retratos e faz-lhe uma imagem linda. A que apresentamos neste texto.

Depois de 40 anos de luta, Carlos V percebe que o seu sonho não é possível. A Europa não pode ser unida E então, com 56 anos, em 1556 ele reúne em Bruxelas com as principais figuras do Império e abdica. Diz ele: "durante todos estes anos tentei, por todas as formas, fazer a paz na Europa. E construir uma grande Europa Unida. Não consegui".

Abdicou da coroa de Espanha para o seu filho Filipe II. Que viria a ser o II de Portugal.

No ano seguinte abdicou a coroa imperial da Alemanha no irmão, Fernando. E retira-se. Para um convento pobre em Castela.

Na frente do leito mandou colocar o retrato de Isabel de Portugal, pintado por Ticiano. E foi com os olhos postos na Princesa portuguesa que ele expirou em 1558.

Amou-a na vida e na morte. 


Uma história bonita de uma grande portuguesa que ajudou a fazer a Paz na Península.

João Tilly

terça-feira, 3 de outubro de 2017

BISÃO – REVISTA DE GRANDE IMPACTO DE E PARA OS LEITORES DO SENHOR ROUBADO CRÓNICA I


BISÃO – REVISTA DE GRANDE IMPACTO DE E PARA OS LEITORES DO SENHOR ROUBADO

CRÓNICA I

Mal-acabaram as eleições começaram logo os resteleiros, eu explico, os velhos do Restelo, aqueles que gostam das palmières do Careca, porque sendo um bolo de inspiração francês e em forma de palmeira é uma palavra no feminino.

Mas é uma metáfora e o que eu quero dizer é que nunca ninguém está satisfeito com nada e com ninguém. E armam-se aos moralistas e ouviram dizer sempre um apontamento negativo. E já por acaso olharam para o seu próprio umbigo?

Vem a isto a propósito de um comentário num mural do fb de um amigo a propósito do Isaltino.

1. Conheci-o profissionalmente uma vez já há uns anos e ainda na constância das excelentes relações que mantinha com o seu partido, o PSD.

2. Nunca me fez favores, nem foi sujeito a corrupções da minha empresa, porque além de tudo sou contra,

3. Revelou-se um excelente autarca.

4. Cometeu erros, pagou-os caro, esteve preso, sofreu com a reputação, cumpriu a pena e está de novo em liberdade TOTAL, tendo recuperado todos os seus direitos de cidadania e outros.

5. Concorreu às eleições e ganhou estrondosamente.

6. É incómodo para muita gente invejosa, ignorante, extremista e radical no julgamento dos outros.

7. Acontece que estive 2 anos como voluntário na prisão de Alta Segurança de Monsanto, escrevi umas coisas, inteirei-me de outras, critiquei outras tantas mas aprendi para mim próprio entre muitas outras lições as de que(i) é necessária a reinserção social dos reclusos na sociedade civil, nomeadamente dando-lhes emprego, formação e acompanhamento o que aliás é universalmente praticado em países ditos civilizados (ii) tornei-me mais humilde, melhor pessoa com o exemplo do sofrimento da reclusão, aprendi a não julgar de imediato sem ter informação e finalmente encontrei em cada um dos meus alunos estrangeiros (criminosos de topo) pessoas com desejo de serem tratadas como seres humanos e com uma nova chance de recomeçar.

8. Ora o Isaltino está longe disto tudo e num livro que escreveu e que eu li, reflecte e em profundidade sobre tudo quanto eu referi acima, pela rama.

Tive quase para ir votar nele a Oeiras se bem que inscrito no Senhor Roubado.

O dito amigo que comentou menos elegantemente os meus comentários sobre este assunto num outro mural do fb, e raiou o insulto, deve estar a precisar de um novo método democrático que aliás já vem do tempo do Senhor Dom Manuel I – uns calores da Inquisição.

For God sake! I am joking!

E é tudo por hoje

Mozart e Vivaldi


Estou a ouvir esta maravilha de Mozart " Eine Kleine Nachtmusik" e despertou-me emoções e pensamentos de concórdia com a vida e com todos com quem tenha um espinheiro no canto do olho.

Cada vez mais peço a quem me ame que o faça com pressa, intensidade para eu poder retorquir com a mesma força e amor. São momentos de prazer infinito.

Digam lá, não é melhor darmo-nos melhor do que pior? a sensação da paz interior e até da capacidade sensorial de sentir a luz de um dia de praia maravilhoso, a ternura e a entrega uns aos outros, o bem-estar de nos sentirmos felizes, malgré as maleitas, os defeitos, os intemperamentos, as manias, as embirrações. Há como que uma carapaça dura que faz resvalar os dedos que procuram a pele macia dos primeiros tempos, das saudades da doçura e beijos e corpos entregues, de cumplicidades. Um dia vem a doença, a velhice, a morte. Depois servem pouco as memórias e os choros e a solidão.

Há que ser sério nos sentimentos, na pureza das atitudes sem vergonha de o dizer, na verdade, no perdão do outro, na correcção dos comportamentos.


E quando há filhos pequenos ou grandes, o prazer de sentirem, ver, testemunharem a felicidade de quem os ama e a quem eles amam, não tem prémio igual.


Já vou avançado nas músicas que estou a ouvir mas vem a propósito a Primavera de Vivaldi.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O Basílio








O Basílio era macaense e vivia com os pais num andar miserável, pobre e pequeno. Os pais ficavam a jogar mahjong até desoras e Basílio ouvia o matraquear das pedras umas contra as outras.

A única solução para ser feliz e se sentir livre era ir todos os dias para a praia de Hac Sah e ver o mar, banhar-se nas salsas ondas e sonhar, sonhar muito em partir.