No meu múnus de Cônsul-geral Honorário do país africano que represento em Portugal há largos anos tenho visto passar pela minha frente muitos acontecimentos interessantes uns, outros tristes, outros difíceis de ultrapassar e alguns de uma violência inaudita (guerra civil).
Sempre encarei este cargo não remunerado como mais uma experiência curiosa da minha vida de desafio constante à rotina e na busca de encontrar o ser humano em todas as suas vertentes. Sou um estudioso interessado, humilde e aberto à descoberta de encontrar nos outros algo que me possa ajudar a ser melhor. Isto não tem nenhum pressuposto religioso, ou de cariz materialista, mas tão somente uma curiosidade infinita sobre esta maravilha da criação, que é o Homem.
Dito isto (e quem me conhece bem sabe que sou genuíno, verdadeiro, directo e sem esquemas) recebi há uns dias um pedido de ajuda de uma cidadã do referido país e já residente no Algarve e casada, de cerca de 80 anos.
Em resumo:
- Visitou-me há já alguns meses no Consulado em Lisboa para se apresentar e tratar de um assunto com os SEF de Faro;
- como faço sempre para além das conversas de prestação de serviços consulares procuro sempre conhecer melhor as pessoas que represento, escutá-las, aconselhá-las e porventura ajudá-las;
- achei-a formidável, serena, doce, falando baixo e com humildade mas com muita cultura e sendo das primeiras mulheres no seu país com um curso profissional e tendo desempenhado funções públicas de relevo;
- casou-se pela segunda vez com um patrício da mesma idade e vivem tranquilamente em Portugal e nomeadamente no Algarve gozando a reforma e da paz e amenidade do clima e da beleza do país, de que muito gostam;
- ela tem uma filha do primeiro casamento, que vive no país de origem aonde é Advogada;
- o pai dela e ex-marido da pessoa referida acima morreu junto da filha com bastante sofrimento e teve que sozinha arcar com todas as responsabilidades e o sofrimento e aflição da perda, pois mais ninguém da família a pode acompanhar;
- ficou exausta, deprimida, triste e deseja procurar o consolo da presença da mãe em Portugal por um ou dois meses para depois regressar ao seu país;
Pediu um visto de turismo na Embaixada de Portugal, apresentando estas razões e foi-lhe recusado por não serem consideradas razões convincentes da justificação da sua vinda. Desatou a chorar desconsolada na Embaixada de Portugal quando lhe entregaram o ofício da recusa, desamparada e sem forças para poder, pelo menos, naquele momento, aguentar o stress.
Fiz o que pude para ajudar a mãe e recorri a um amigo Diplomata, esperando que se resolva.
Recebi entretanto uma mensagem gravada da mãe no meu WhatsApp que guardarei para me lembrar como servir os outros desinteressadamente calando no seus corações sentimentos de confiança, agradecimento, gratidão e exemplo.
É uma mensagem respeitosa mas cheia de ternura, em voz baixa e de agradecimento em termos tão humildes, gratos e de esperança que me atrapalham pois não sei se conseguirei, mas farei ainda mais tudo o que estiver ao meu alcance para trazer a filha até ela.
Tenho cruzado pessoas na minha vida que me agradecem um favor que me pediram anos atrás e que pelos vistos realizaram e de que não me lembro de todo. Espero que contrabalance com outras coisas menos boas que possa ter feito.
São reconfortantes para mim estas lições de humildade e de chamamento de atenção para o que é mais importante.
Ainda estou muito comovido ao escrever estas linhas.
quinta-feira, 27 de julho de 2017
segunda-feira, 24 de julho de 2017
O QUE MAIS ME DANA
O QUE MAIS ME DANA
Levantei-me cedinho e planeei ir a uma das companhias majestáticas fornecedoras de electricidade para refilazar sobre uma factura descomunal.
Pensei que estando numa época estival e um grande número de clientes de férias, seria rápido e eficaz.
Esperei talvez uma meia-hora e atrás de mim tinha uma fila de africanos, na sua maioria, e reparei que a única funcionária disponível para atendimento estava sem as menores maneiras profissionais a tratar um outro cliente africano com irritação, arrogância e em termos indesculpáveis. Para além de se estar a marimbar para as restantes almas nas quais eu me incluía, já íamos em 45 minutos de espera e a fila a aumentar.
Ao fim de uma hora chegou a minha vez.
Tenho um compartimento no meu cérebro que uma vez accionado é demolidor em frieza, intolerância e ataque feroz e impiedoso. Foi ganho pela parentela em Aljubarrota (Os Magriços) – apesar de eu estar um pouco forte mas a tentar fazer uma dieta – e igualmente com o Senhor Dom Sebastião em Alcácer-Kibir. Os meus, depois de um resgate que os salvou mas nos deixou de tanga até ao século XVII, conseguiram transmitir na parcela de sangue-azul que foram passando, este temperamento de excepção. Note-se que d’habitude sou um ser encantador, cordato, calmo e sem excentricidades…ahahahah
Ora bem a dª Gertrudes, assim se chamava e ostentava numa placa sobre o seio direito, já cansada do cliente anterior começou mal, perguntando-me o que eu queria!
Comecei por lhe dizer, em ar de nada, que queria o livro de reclamações. Ficou bízara e disse-me que não tinha com maus modos. Eu repliquei que era Advogado entre outras coisas e que sabia que era obrigatório ter. Foi buscar e repreendeu-me dizendo-me que a obrigava a ficar ao meu lado a acompanhar o preenchimento da reclamação com os outros Clientes à espera.
Depois de ela ter acabado de falar, levantei a voz o suficiente para ser ouvido pela numerosa bichette que já me antecedia impaciente e disse que ia participar da Companhia e dela e que não precisava que estivesse ao meu lado e que fosse atender os outros Clientes. Disparatou, gritou, insultou e perante o meu ar impávido e sereno, já sentado e a escrever o meu relatório, foi atender as restantes pessoas com um ar assustado e cordato.
Terminei uma longa e bem estruturada reclamação que nem Fernão Lopes teria tido tanto detalhe e arte a fazer e entreguei-lhe o livro que ela sofregamente leu ficando cada vez mais lívida.
- Mas o Senhor com o que diz aqui vai fazer com que eu seja despedida! – exclamou sem voz.
Os africanos num outburst/explosão de satisfação deram largas aos seus comentários de apoio e contentamento.
Respondi-lhe que não sabia se esse seria o desfecho mas que lhe servisse de lição para ser profissional e tratar com correcção e boas maneiras as pessoas que lhe garantiam o salário.
Entreguei-lhe uma outra reclamação pessoal sobre o referido excesso na minha factura como referi acima e saí tendo a noção que naquele momento um rasto de ódio vinha na minha direcção proveniente dos olhos da dª Gertrudes.
Uns 15 dias depois recebo dois ofícios separados da dita companhia majestática dizendo o seguinte:
- que pediam desculpa pelo engano na factura tendo tudo ficado resolvido a meu contento.
- que a dª Gertrudes tinha ido para um campo de re-educação na Guarda gerido pelos Guardas Vermelhos da Revolução e seria integrada numa célula revolucionária aquando da próxima revolução.
Caspité! Ainda bem que assinei a reclamação com um dos meus nomes de disfarce: Luis Paixão!
Seria uma das primeiras vítimas a tombar!
domingo, 23 de julho de 2017
TRUMP e o IRÃO
Tinha já uma viagem marcada ao Irão desde há meses, com contactos feitos com empresas e entidades oficiais. Comecei a perceber que desde a subida do Trump ao poder nos USA, o esmorecimento do interesse dos investidores começou a aumentar.
Passado uns meses ficou claro que tudo quanto tinha sido assinado e acordado no tempo de Obama ia ser posto em causa. Novas sanções económicas, a continuação do bloqueio ao funcionamento regular das instituições financeiras de e para o Irão tornando quase impossível concretizar aquilo que muitos iranianos, sobretudo mais novos, desejam: a abertura do país a outras culturas e a livre circulação de pessoas e bens e uma cooperação com países europeus que os possam ajudar a desenvolver o alto potencial económico que o país oferece.
O diletante, infantil e impreperado Trump nem sequer perdeu tempo a reflectir, observar o que tinha feito: numa cegueira radical veio pôr em causa o que já estava bem negociado e afinal a continuar na região com uma política de interferência política e económica ao contrário das políticas isolacionistas que o seu partido sempre propõe quando está no poder.
Trump tem que sair da cena mundial como Presidente dos USA, e quanto mais rápido melhor!
aventuras no Parque Eduardo VII
AVENTURAS NO PARQUE EDUARDO VII
Estou parado à sombra de um pinheiro vetusto no cimo do parque Eduardo VII a escrever uns e-mails no meu smart phone. É uma urgência dominical de um negócio para se fechar ainda hoje, hopefully. Mando um e recebo uma resposta.
Mientras ou entretanto já fui abordado por várias pessoas julgando que estou no engate:
1. Duas velhas de 47 anos que estão no Ritz e me convidaram para almoçar na esplanada do hotel e propuseram o rate de €150. Fiz-me de lucas e disse que sabia falar muito bem inglês e que lhes contaria as histórias do "Peninha" que publico aqui. Recusaram, queriam marmelada!
2. A Silvéria que é uma puta habitual daqui durante o dia que está muito passadinha a quem eu já ajudei no passado, internando-a no hospital quando teve um ataque epiléptico em plena rua. Tinha-se esquecido que já tínhamos interagido mas não na especialidade dela!
3. Dois suecos de vinte e tal anos, loiros e de sandalecas que me queriam contratar para irem visitar Sintra. Confundiram o meu carro consular com um béiculo de turismo.
Enfim, nem uma tia lindamente nem nenhum político conhecido de qualquer cor partidária.
Ainda me vieram propor a compra de toalhas de mesa de rendas da Madeira, mas declinei pois tenho comprado na Pollux em plástico arrendilhado que são mais fáceis de lavar com um pano molhado.
Tive pena das pikenas do Ritz pois sabia-me bem um almoço de lagostins e champagne!
Não se pode ter tudo, pás!
sábado, 22 de julho de 2017
esquerda
Qualquer observador atento sabe que não é a esquerda que nos governa, até porque não temos suficiente poder nacional para sermos soberanos, dado que apenas gerimos dependências. O PS pode sonhar em ser qualquer coisa, mas para governar tem que meter sempre o programa na gaveta, tal como o PCP engole sapos vivos e o Bloco de Esquerda se torna um jacobino postiço. De tal maneira que, se houvesse oposição, o PSD poderia facilmente ser social-democrata e ficar bem à esquerda da plataforma que sustenta Costa. Porque há mesmo a quadratura do círculo. É a que costuma ganhar eleições, com demagogia.
José Maltez
sexta-feira, 21 de julho de 2017
O novo restaurante do meu filho Diogo Noronha
http://observador.pt/2017/07/20/10-coisas-que-deve-saber-sobre-o-pesca-o-novo-restaurante-de-diogo-noronha/
quinta-feira, 20 de julho de 2017
BOLETIM DO ESTADO DE SAÚDE DO PENINHA
BOLETIM DO ESTADO DE SAÚDE DO PENINHA
Adélia Sandra da Conceição e Silva Peninha vem informar os
amigos do seu extremoso esposo, mais conhecido por Peninha que ontem ao fim da
noite foi acometido por um ataque de despenteamento mental tendo sido levado
impromptu para o Hospital do Senhor Prof. Miguel Bombarda, que faz o favor de
ser nosso amigo.
O médico de serviço transmitiu-me esta mensagem que o
Peninha ininterruptamente diz e pede se por acaso algum dos dedicados amigos
saberá decifrar o sentido:
“Manifesto repúdio por tudo quanto é chato, pomposo e sem
graça. União Europeia tá a fazer merda com a proibição da pesca das sardinhas. Aquele
provérbio “ tu es ici tu es au milieu de la rue” pode aplicar-se à Costa do
castelo a quem tá acorrer tudo mal. Santana não dá apoio a candidata porque
sabe que ela vai levar uma grande tunda. Paulo Portas não foi visto no México a
acompanhar o patrão na inauguração da sede da Mota Engil, porque tem tidos
explicações particulares de Marcelo de como se preparar para concorrer a
presidente depois do 2º mandato do dito.O tempo está uma caca e tem lixado as
férias a quem pagou caro no Algarve para impressionar os colegas de trabalho.
Não há pior do que ter férias com criancinhas pequenas na praia acompanhadas
por uma sogra ou os sogros. Dá sempre raivas miudinhas e os esposos anseiam
pelo regresso a casa e ao office como canta a música sacra: como o veado anseia
pelas águas vivas…etc. O Trump já tem dificuldade em passar por debaixo das
portas pois faz “bonc..bonc”.
Muito reconhecidamente agradecida
Adélinha
quarta-feira, 19 de julho de 2017
PANACEIAS
PANACEIAS
Estava hoje parado dentro do meu carro, numa sombra, a ouvir música, a mandar e receber mensagens e sobretudo com um ar condicionado que me sabia muito bem.
Não deixava de observar esporadicamente quem passava e ia tirando as minhas conclusões.
Estava hoje parado dentro do meu carro, numa sombra, a ouvir música, a mandar e receber mensagens e sobretudo com um ar condicionado que me sabia muito bem.
Não deixava de observar esporadicamente quem passava e ia tirando as minhas conclusões.
Estava uma bonita tarde, com boa luz, sem muito trânsito e dir-se-ia
que quem neste país estivesse a viver como cidadão, de passagem como
turista ou em negócios, se deveria sentir muito bem pela paz que se
respira. Não vou aqui sequer fazer comparações com os piores países.
E constatei que muitas vezes temos tendência a dizer mal de tudo, do Governo, da oposição, das Finanças, dos Hospitais ou Serviços de Saúde, dos incêndios, da incúria, do desemprego, dos políticos, do vizinho, do colega de trabalho inclusive da própria família e ao observar a serenidade do que me rodeava, pensei que injustos somos uns para os outros. E isto envolve a sociedade civil, os outros povos, as outras raças e religiões e no fundo o mundo inteiro.
Esta perspectiva permanente de negativismo torna-nos tensos, azedos e belicosos e mesmo connosco próprios andamos zangados. Quando de manhã olhamos para o espelho lá está a mesma cara de sempre ou com sono, ou de ressaca, ou chateada e maldisposta e logo ali começa uma antecipação de penosidade que se arrasta, se adensa e não para mais. Isto connosco para já não falar com quem tiver a pouca sorte de se cruzar no nosso caminho.
Anos e anos a fio, com menor ou maior intensidade, tornam esta vida num inferno, não apetecível de ser vivida. Estou somente a referir-me à consciência, aos sentimentos íntimos.
Junte-se o desemprego, a falta de dinheiro ou saúde, o desentendimento relacional, a desilusão profissional, uma doença, uma morte, o estado real do país…não é possível aguentar por muito tempo esta carga nem o peso de uma verdadeira infelicidade.
Panaceias:
- ler, silêncio, atenção, desprendimento, esquecimento de nós próprios, dedicação aos outros, música, campo, verde, animais, mar, cultura, conversas com quem possamos aprender e bem dormir.
E constatei que muitas vezes temos tendência a dizer mal de tudo, do Governo, da oposição, das Finanças, dos Hospitais ou Serviços de Saúde, dos incêndios, da incúria, do desemprego, dos políticos, do vizinho, do colega de trabalho inclusive da própria família e ao observar a serenidade do que me rodeava, pensei que injustos somos uns para os outros. E isto envolve a sociedade civil, os outros povos, as outras raças e religiões e no fundo o mundo inteiro.
Esta perspectiva permanente de negativismo torna-nos tensos, azedos e belicosos e mesmo connosco próprios andamos zangados. Quando de manhã olhamos para o espelho lá está a mesma cara de sempre ou com sono, ou de ressaca, ou chateada e maldisposta e logo ali começa uma antecipação de penosidade que se arrasta, se adensa e não para mais. Isto connosco para já não falar com quem tiver a pouca sorte de se cruzar no nosso caminho.
Anos e anos a fio, com menor ou maior intensidade, tornam esta vida num inferno, não apetecível de ser vivida. Estou somente a referir-me à consciência, aos sentimentos íntimos.
Junte-se o desemprego, a falta de dinheiro ou saúde, o desentendimento relacional, a desilusão profissional, uma doença, uma morte, o estado real do país…não é possível aguentar por muito tempo esta carga nem o peso de uma verdadeira infelicidade.
Panaceias:
- ler, silêncio, atenção, desprendimento, esquecimento de nós próprios, dedicação aos outros, música, campo, verde, animais, mar, cultura, conversas com quem possamos aprender e bem dormir.
terça-feira, 18 de julho de 2017
O PENINHA ANDA TRISTE
O PENINHA ANDA TRISTE
O Peninha anda desolado com o país. Só antevê dificuldades e agora que leu algures que o fim do mundo é para Agosto não consegue sorrir e passa os dias neura e sem vontade de reagir.
A “silly season” para ele é fatal. Vai tudo de férias e não há programas para fazer de carácter público/social, aonde possa aparecer, ser visto, gabado, e conviver com a boa sociedade, como ele diz.
O Peninha nunca fala na Adélinha, que é a esposa de trinta e tal anos de casamento, e só quando programam as férias de verão é que vêm as discussões. Ela quer ir numas viagens que o INATEL organiza lá para Arganil e ele recusa-se a acompanhá-la.
A d. Adélia é mulher dos seus 54 anos, roliça de carnes imensas, com seios descomunais descaídos e até parece que compra os soutiens em saldo, pois não firmam os peitos e fica horripilante. Tem um cabelo oleoso de que lhe deu a mania de pintar de uma cor preta de azeviche, escorrido pela cara com um nariz curvilíneo – diz ela que sai ao lado Ortiz de Castela – e uns olhos pequenos de côr escura. Não é muito alta e tem um corpo gigantesco e sem elegância. Com uns braços e pernas gordas parece que bamboleia ao andar.
Tem uma obsessão que é a de usar batas por cima do que veste: são de cores garridas com mangas à cava, com motivos florais, às riscas, com bonecos, com desenhos de legumes…um horror.
O Peninha tem convivido com mulheres mais bem introduzidas no meio académico, das artes e do cinema e perdeu as esperanças de ter na companheira a mulher que outrora o captivou.
Adélinha come que nem uma bruta, tem buço e pelos nas pernas e noutros sítios e não se pinta nem se sabe vestir, pelo que é um pesadelo para Peninha aguentar o casamento. Acresce que não tem mais do que a 4ª classe e muito pouca cultura, mesmo! Fala um português gramaticalmente discutível, não tem uma ideia, adora as revistas do coração cujas histórias sabe ao detalhe e com as vizinhas, ouvem-na muitas vezes tratar por tu a Rainha Letizia, que sendo Ortiz, ela considera como prima.
O Peninha tinha decidido ir passar férias a Moledo. Ouvira dizer que a praia era bem frequentada mas jamais levaria a Adélinha. Nanja que ele era muito mais chic e tinha vergonha dela. No fundo, matavam-se dois coelhos com uma só cajadada: ela ia para o programa do Inatel com as amigas e ele ia flausinar para Moledo, exibir-se na praia qual Tarzan Taborda.
Deu-se porém uma imprevista alteração dos planos de Peninha: Costa, o Primeiro Ministro, na remodelação que fez, foi buscá-lo para motorista do Sub-Secretário de Estado da Desorientação Administrativa e tinha que estar às ordens e disponível a qualquer hora.
Sentiu-se inchar de importância e aceitou logo, ficando de se apresentar no dia seguinte no Ministério.
Mal lá chegou e foi dos primeiros, foi mandado entrar para um gabinete aonde esperou umas boas horas até que foi chamado para uma sala aonde estava um funcionário dos Recursos Humanos do Ministério.
Respondeu às perguntas da praxe sem nenhum problema e no final antes de o contratarem, o funcionário, sem levantar a cabeça perguntou-lhe:
- Número da licença de condução e o ano de emissão.
- Ó Sr. Dr., mas eu nunca tive carta. Sei conduzir como ninguém mas sem carta! Não tive estudos!
- O Senhor Peninha ponha-se na rua imediatamente!
E o Peninha saiu cabisbaixo sem saber o que fazer à vida, por isso tamanha tristeza.
O Peninha anda desolado com o país. Só antevê dificuldades e agora que leu algures que o fim do mundo é para Agosto não consegue sorrir e passa os dias neura e sem vontade de reagir.
A “silly season” para ele é fatal. Vai tudo de férias e não há programas para fazer de carácter público/social, aonde possa aparecer, ser visto, gabado, e conviver com a boa sociedade, como ele diz.
O Peninha nunca fala na Adélinha, que é a esposa de trinta e tal anos de casamento, e só quando programam as férias de verão é que vêm as discussões. Ela quer ir numas viagens que o INATEL organiza lá para Arganil e ele recusa-se a acompanhá-la.
A d. Adélia é mulher dos seus 54 anos, roliça de carnes imensas, com seios descomunais descaídos e até parece que compra os soutiens em saldo, pois não firmam os peitos e fica horripilante. Tem um cabelo oleoso de que lhe deu a mania de pintar de uma cor preta de azeviche, escorrido pela cara com um nariz curvilíneo – diz ela que sai ao lado Ortiz de Castela – e uns olhos pequenos de côr escura. Não é muito alta e tem um corpo gigantesco e sem elegância. Com uns braços e pernas gordas parece que bamboleia ao andar.
Tem uma obsessão que é a de usar batas por cima do que veste: são de cores garridas com mangas à cava, com motivos florais, às riscas, com bonecos, com desenhos de legumes…um horror.
O Peninha tem convivido com mulheres mais bem introduzidas no meio académico, das artes e do cinema e perdeu as esperanças de ter na companheira a mulher que outrora o captivou.
Adélinha come que nem uma bruta, tem buço e pelos nas pernas e noutros sítios e não se pinta nem se sabe vestir, pelo que é um pesadelo para Peninha aguentar o casamento. Acresce que não tem mais do que a 4ª classe e muito pouca cultura, mesmo! Fala um português gramaticalmente discutível, não tem uma ideia, adora as revistas do coração cujas histórias sabe ao detalhe e com as vizinhas, ouvem-na muitas vezes tratar por tu a Rainha Letizia, que sendo Ortiz, ela considera como prima.
O Peninha tinha decidido ir passar férias a Moledo. Ouvira dizer que a praia era bem frequentada mas jamais levaria a Adélinha. Nanja que ele era muito mais chic e tinha vergonha dela. No fundo, matavam-se dois coelhos com uma só cajadada: ela ia para o programa do Inatel com as amigas e ele ia flausinar para Moledo, exibir-se na praia qual Tarzan Taborda.
Deu-se porém uma imprevista alteração dos planos de Peninha: Costa, o Primeiro Ministro, na remodelação que fez, foi buscá-lo para motorista do Sub-Secretário de Estado da Desorientação Administrativa e tinha que estar às ordens e disponível a qualquer hora.
Sentiu-se inchar de importância e aceitou logo, ficando de se apresentar no dia seguinte no Ministério.
Mal lá chegou e foi dos primeiros, foi mandado entrar para um gabinete aonde esperou umas boas horas até que foi chamado para uma sala aonde estava um funcionário dos Recursos Humanos do Ministério.
Respondeu às perguntas da praxe sem nenhum problema e no final antes de o contratarem, o funcionário, sem levantar a cabeça perguntou-lhe:
- Número da licença de condução e o ano de emissão.
- Ó Sr. Dr., mas eu nunca tive carta. Sei conduzir como ninguém mas sem carta! Não tive estudos!
- O Senhor Peninha ponha-se na rua imediatamente!
E o Peninha saiu cabisbaixo sem saber o que fazer à vida, por isso tamanha tristeza.
domingo, 16 de julho de 2017
quarta-feira, 12 de julho de 2017
Giorgio Armani
"Elegance is not about being noticed, it's about being remembered" - words of wisdom, from Giorgio Armani, who turns 83 years-young today.
terça-feira, 11 de julho de 2017
A francesa
Um membro de uma família conhecida morava numa bonita casa pombalina, num dos bairros típicos de Lisboa.
Ficou viúvo muito cedo com três virtuosas filhas e sendo ainda um "bel homme" tomou-se de amores por uma francesa a quem pôs casa discreta em frente da sua. Tudo quanto a ela dava, igualmente comprava para a sua casa, nada faltando.
Todos os dias almoçava com elas e ia tomar café a casa da francesa, passando lá a tarde.
No fim de cada almoço, levantando-se da mesa dirigia-se à porta e todos
os santos dias a três filhas seguiam-no pelo largo corredor até à
saída, repetindo sem cessar:
- O papá está em pecado mortal! O papá está em pecado mortal!
Ele continuava impávido e chegando à porta voltava-se e com o dedo em riste apontado para elas dizia placidamente:
- Calem-se, secantes criaturas!
MNA
- O papá está em pecado mortal! O papá está em pecado mortal!
Ele continuava impávido e chegando à porta voltava-se e com o dedo em riste apontado para elas dizia placidamente:
- Calem-se, secantes criaturas!
MNA
domingo, 9 de julho de 2017
Pitágoras
Reza a lenda que Pitágoras não parava muito em casa e que Enusa, sua mulher, aproveitava a situação para copular com quatro soldados cadetes, que estavam acantonados ali perto.
Um dia em que Pitágoras voltou para casa mais cedo surpreendeu-os e matou os cinco, decidindo enterrá-los no seu jardim. Movido por alguma consideração que ainda tinha pela esposa, dividiu o terreno ao meio e, numa das metades, sepultou-a. A outra metade foi dividida em quatro quadrados iguais, onde enterrou os amantes.
Desta forma, os quatro soldados ficaram a ocupar um espaço idêntico ao ocupado pela mulher.
No dia seguinte, Pitágoras subiu à montanha para meditar e, olhando de cima, teve uma revelação.
Era óbvio : "A soma dos quadrados dos cadetes é igual ao quadrado da puta Enusa."
(Se essa porra tivesse sido explicado assim na escola, tudo teria sido mais fácil ..... )
domingo, 2 de julho de 2017
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