terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

MÚSICA MATTERS PARA MIM


MÚSICA MATTERS PARA MIM

Estive hoje de manhã a olhar para os e-mails, a responder a alguns, mas coisa leve, pois para chatices não estou nem aí.

Fui para a piscina e enquanto a Mariana passou o dia em Singapura em trabalho, levei o meu iPod e estendi-me qual lagarto, claro, numa bela cadeira a ouvir música.

É bom que eu diga como a música sempre teve um papel importante na minha vida. Por outro lado os meus Pais e Avós de ambos os lados, eram habitués de S.Carlos quer nas temporadas de ópera como de ballet. A partir de uma certa idade (ia-se de smoking), vimos do melhor que passou em Lisboa: a Margot Fonteyn e o Nureyev no Lago dos Cisnes e para além deles muitos outros de renome, nas óperas fomos entrando devagarinho pois começámos pelas clássicas e a pouco e pouco fomos apurando o gosto, e finalmente nas temporadas da Gulbenkian tivemos a oportunidade de assistir a concertos com grandes maestros e tudo quanto hoje em dia faz o acervo da minha escolha de compositores favoritos, mas aqui já comigo já na Faculdade.

Nada disto impediu que eu fosse igualmente um apreciador de todo o tipo de música não clássica que acompanhou a minha juventude, adolescência e madureza…se a tive alguma vez, eventually. Fiz toda uma vida de discotecas, festas em casa de uns e de outros pois tínhamos um grande grupo de amigas/amigos em que saíamos quase todos as noites durante os 3 meses de férias de Verão.

Entretanto tenho cerca de mil gravações no iPod por isso posso ter uma grande escolha. Decidi começar por música italiana ligeira em que os diversos cantores dessa altura se dedicavam às modinhas conhecidas e como estava sozinho na piscina, toca de cantar em voz alta a acompanhar o que ia ouvindo…ahahah. Sei as letras todas e com uns pássaros que vinham pousar junto de mim a apreciar o “colega” senti-me em Itália junto a Capri. Claro está que o Pavarotti a cantar o “o Sole mio” e acompanhado pela minha voz fez estremecer as janelas do compound…ahahah

Em pleno "volare nel blu dipinto di blu", chegam dois rapazes novos que não reparei que se aproximavam e que quando passam por mim, fazem-me, sorridentes, com o polegar um sinal de aprovação e vão-se sentar na “cabana ao lado”. Naturalmente que refreei os meus ímpetos de cantor e quando fui dar um mergulho, estando também dentro de água perguntaram-me de onde era – pergunta sagrada – e eu disse de Portugal. Ni idéa! Eles eram de Myanmar (Burma) e falavam péssimo inglês…recorri ao velho truque índio de falar no Ronaldo…ah! Ronaldo, Portugal…sorridentes e excitados…devia ser-lhe dado um passaporte diplomático de Embaixador itinerante de Portugal!

A Mariana veio mais cedo, e fomos ao entardecer fazer jogging durante uma hora junto ao porto e no meio de um condomínio com vilas de luxo, com relvados até ao rio por onde deslizavam silenciosas pirogas com locais voltando a casa, carregados de peixe.

Serão bons tempos para recordar na minha vida, momentos de cumplicidade em que não falamos de chatices nem de coisas fúteis, apreciamos o silêncio que também significa paz.

A arte de tagarelar pode ser muito maçadora…ninguém exige conversa permanente, a não ser, claro, os políticos nas televisões sempre a palrar como picaretas falantes.

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