ET POURTANT (AO OUVIR CHARLES AZNAVOUR)
Hoje morreu um amigo de infância que não vi durante muitos anos. Fomos amigos de Colégio, crianças despreocupadas, fizemos desporto juntos, jogámos futebol, pingue-pongue, voleibol e andebol, fomos em passeios da turma, rezámos juntos nas aulas e na Capela, rimos, estudámos e não me lembro de nada que nos tivesse dividido.
Sempre sorridente, modesto e humilde, filho do porteiro do Colégio, muito bom aluno e afável, daqueles que às vezes desejamos imitar por uns tempos por ser tranquilo e não ter as excitações das nossas famílias, cheias de programas sociais, viagens ao estrangeiro, vida agitada…agradável de que me não arrependo, que adorei e de que tirei um partidão…mas o Vítor era o exemplo sereno de uma vida feliz.
Foi brilhante profissional, catedrático, bom marido e bom pai de 3
filhos que conheci ultimamente, seguidores de muito perto do Pai.
Um dia, resolvi saber dele e escarafunchei até o encontrar. Já lá vão uns bons 4 anos e a primeira vez que nos reencontrámos, houve um momento de hesitação mas caímos nos braços um do outro e demos um abraço prolongado. O sorriso era igual e inesquecível, mas tinha mudado muito. Era um Senhor, como aliás sempre o achei quando olhava retrospectivamente para quando éramos já mais velhos no Colégio.
Voltei para casa muito triste depois de me despedir dele no silêncio das minhas lágrimas quando abracei a mulher e os filhos, comovidamente.
Deu-me para ouvir um álbum completo do Charles Aznavour, de quem sempre gostei e que canta músicas melancólicas com letras lindas, por vezes tristes.
E a primeira foi uma muito conhecida “ Et pourtant” cuja tradução não exprime o sentido forte e rico da palavra em francês.
E pensei que um dia em que morresse, mesmo sabendo que a morte há-de vir, et pourtant…
- vou ter saudades de gostar de quem gosto, com intensidade e amor
- vou ter saudades de olhar à volta e ver o azul do céu, o verde dos campos, as cores garridas das flores
- vou ter saudades de estar vivo.
E tanto mais.
Fui sair e apanhar este sol magnífico e generoso e dirigi o carro para o Estoril, Cascais e Guincho aonde vou olhar o mar e passear a pé.
Adeus Vítor e obrigado.
Um dia, resolvi saber dele e escarafunchei até o encontrar. Já lá vão uns bons 4 anos e a primeira vez que nos reencontrámos, houve um momento de hesitação mas caímos nos braços um do outro e demos um abraço prolongado. O sorriso era igual e inesquecível, mas tinha mudado muito. Era um Senhor, como aliás sempre o achei quando olhava retrospectivamente para quando éramos já mais velhos no Colégio.
Voltei para casa muito triste depois de me despedir dele no silêncio das minhas lágrimas quando abracei a mulher e os filhos, comovidamente.
Deu-me para ouvir um álbum completo do Charles Aznavour, de quem sempre gostei e que canta músicas melancólicas com letras lindas, por vezes tristes.
E a primeira foi uma muito conhecida “ Et pourtant” cuja tradução não exprime o sentido forte e rico da palavra em francês.
E pensei que um dia em que morresse, mesmo sabendo que a morte há-de vir, et pourtant…
- vou ter saudades de gostar de quem gosto, com intensidade e amor
- vou ter saudades de olhar à volta e ver o azul do céu, o verde dos campos, as cores garridas das flores
- vou ter saudades de estar vivo.
E tanto mais.
Fui sair e apanhar este sol magnífico e generoso e dirigi o carro para o Estoril, Cascais e Guincho aonde vou olhar o mar e passear a pé.
Adeus Vítor e obrigado.
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