O PENINHA E O TEATRO DA CORNUCÓPIA
O Peninha leu no jornal que o seu querido Presidente Marcelo queria salvar o Teatro da Cornucópia de fechar, vulgo ir à falência.
Indagou, indagou e percebeu que este teatro só se aguentava de pé devido a um subsídio do Estado, o que para ele queria dizer do bolso do contribuinte.
Mas se o Presidente Marcelo queria salvar o teatro alguma coisa devia valer.
Decidiu ir a uma soirée e comprou um bilhete para uma peça que estava em representação, de seu nome “ Nem queiras saber, Diógenes”. Deve ser um grego, pelo nome.
Ouvira dizer que nestes teatros de vanguarda se tem que ir vestido apropriadamente e por isso tirou do baú uma camisa toda preta que a mãe lhe comprara na Rosicler, fazia anos, e que tinha usado quando andava com o Hélder que morava em Almada e que tinha uns piercings no nariz que quando espirrava, tudo aquilo abanava, e pelos palavrões que ouvia, devia doer para burro.
Iam muitas vezes sair à noite a uma discoteca numa cave de nome " a cova da lagarta", com as paredes pintadas de negro, com as camisas pretas, e botifarras de sola de Ceilão, que herdara do pai, quando estivera na tropa. A música era tocada por uma banda gótica, que o Peninha achava deplorável, fumava-se uns charros, curtia-se a noite com umas tipas que eram cabeleireiras no centro de Almada, e o Peninha regressava a casa todo pedrado.
Com relutância procurou também uns jeans cinzentos, que usava na fase da corrente grossa que começava numa ilharga atrás e terminava à frente quase junto à braguilha. Era de metal pesado em tons de prateado o que fazia com que usasse as calças quase nos joelhos deixando as cuecas à mostra e tantas vezes a parte superior da racha do rabo, ao léu!
Reviveu esses tempos e com um boné de pala preto que tinha bordado “Klux,klux, klan – Moscavide 69” foi de metropolitano para sair no Rato e ir depois a pé até à Cornucópia.
Ficou desolado! Uma peça com mais actores que espectadores que durou QUATRO horas, com os personagens a deambular por um cenário post nuclear e a dizerem coisas sem nexo. O Diógenes, nem vê-lo e o tema incompreensível.
Uma estopada e saiu indignado. Com o dinheiro dele nunca lá poria mais os pés e decidiu mandar um telegrama seco e duro ao seu querido Presidente Marcelo:
Para : MRS – Presidente
meu ídolo. fui teatro Cintra. cócó total. dinheiro meu e contribuinte mal gasto. Presidente não deve ser catitinha. compete Governo decisão. precisamos mais carcanhóis saúde, educação, transportes e cultura sã e decente. prometo ovos pôdres e tomates cara actores e palco, se salvar falência. espero, ídolo meu, bom-senso impere. Diógenes mando pró caraças. salve país.traga de volta d.Sebastião. Assinado : Peninha Silva Poiares Relvas.
Custou-lhe uma fortuna o raio do telegrama mas ficou convicto que tinha feito um desforço que a sua consciência lhe ditara.
Decidiu ir a uma soirée e comprou um bilhete para uma peça que estava em representação, de seu nome “ Nem queiras saber, Diógenes”. Deve ser um grego, pelo nome.
Ouvira dizer que nestes teatros de vanguarda se tem que ir vestido apropriadamente e por isso tirou do baú uma camisa toda preta que a mãe lhe comprara na Rosicler, fazia anos, e que tinha usado quando andava com o Hélder que morava em Almada e que tinha uns piercings no nariz que quando espirrava, tudo aquilo abanava, e pelos palavrões que ouvia, devia doer para burro.
Iam muitas vezes sair à noite a uma discoteca numa cave de nome " a cova da lagarta", com as paredes pintadas de negro, com as camisas pretas, e botifarras de sola de Ceilão, que herdara do pai, quando estivera na tropa. A música era tocada por uma banda gótica, que o Peninha achava deplorável, fumava-se uns charros, curtia-se a noite com umas tipas que eram cabeleireiras no centro de Almada, e o Peninha regressava a casa todo pedrado.
Com relutância procurou também uns jeans cinzentos, que usava na fase da corrente grossa que começava numa ilharga atrás e terminava à frente quase junto à braguilha. Era de metal pesado em tons de prateado o que fazia com que usasse as calças quase nos joelhos deixando as cuecas à mostra e tantas vezes a parte superior da racha do rabo, ao léu!
Reviveu esses tempos e com um boné de pala preto que tinha bordado “Klux,klux, klan – Moscavide 69” foi de metropolitano para sair no Rato e ir depois a pé até à Cornucópia.
Ficou desolado! Uma peça com mais actores que espectadores que durou QUATRO horas, com os personagens a deambular por um cenário post nuclear e a dizerem coisas sem nexo. O Diógenes, nem vê-lo e o tema incompreensível.
Uma estopada e saiu indignado. Com o dinheiro dele nunca lá poria mais os pés e decidiu mandar um telegrama seco e duro ao seu querido Presidente Marcelo:
Para : MRS – Presidente
meu ídolo. fui teatro Cintra. cócó total. dinheiro meu e contribuinte mal gasto. Presidente não deve ser catitinha. compete Governo decisão. precisamos mais carcanhóis saúde, educação, transportes e cultura sã e decente. prometo ovos pôdres e tomates cara actores e palco, se salvar falência. espero, ídolo meu, bom-senso impere. Diógenes mando pró caraças. salve país.traga de volta d.Sebastião. Assinado : Peninha Silva Poiares Relvas.
Custou-lhe uma fortuna o raio do telegrama mas ficou convicto que tinha feito um desforço que a sua consciência lhe ditara.
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