segunda-feira, 25 de maio de 2015

Oipniões sobre política actual


No meio dos meus afazeres internacionais, acabo por ter algum tempo no intervalo das diferentes "time zone" e tenho acompanhado em mais detalhe quer as eleições em Inglaterra e agora em Espanha, com vista a um meu maior esclarecimento.

Tenho-me também focado nos diversos programas eleitorais que começam a surgir aqui em Portugal e devo confessar que estou cada vez mais decidido a votar em branco, continuem as propostas a ser as que têm vindo a lume.

Alguns rápidos considerandos para não vos maçar.

1. O Presidente da República tem toda a razão quando chama a atenção para a crescente apatia política na sociedade portuguesa, transversal a todas as idades e extractos sociais e profissionais. Naturalmente que é um aviso aos partidos para que orientem os seus programas e campanhas eleitorais por forma a que os resultados sejam expressivos da vontade do eleitorado e não de uma minoria;

2. O Partido Socialista tem ideias apelativas e populares e, na minha opinião vai ganhar sem maioria, mas ganha. Porquê? São melhores? Não, mas perceberam que a austeridade teve os seus dias contados e mesmo que demagògicamente as propostas apresentadas criem dificuldades no futuro, os povos precisam de "descanso" no sofrimento e nos sacrifícios e votam no imediato. Mesmo antecipando problemas mais tarde (hoje em dia os "economistas, juristas e comentadores desinformados e impreparados" de raiz popular aumentaram exponencialmente devido aos debates enfadonhos e frequentes nas televisões) não se preocupam um momento sequer e deixam que sejam os vindouros a resolver. Por isso, o canto da sereia é atractivo. Muito mais haveria a dizer para sustentar a minha tese e até opinar sobre os interlocutores do PS. Fica para outra ocasião.

3. Eu votaria para Presidente da República no Marcelo Rebelo de Sousa. Vou escrever-lhe em breve pois conheço-o bem e dar-lhe algumas dicas tais como:
- tenha coragem por uma vez e diga francamente: eu sou candidato para ganhar e se perder, paciência.
- preciso que votem em mim, quer os partidos do centro e direita como as pessoas que se revêm em seriedade, competência, experiência internacional, cultura e mundo.
- não estejam sempre a pensar no meu passado e acreditem que as pessoas mudam e sobretudo se forem apoiadas;
- vou fazer um programa de compromisso para com os Portugueses;
- não julguem antes de me verem cumprir.

4. Tenho ouvido o Marinho e Pinto. Conheci-o pessoalmente em várias reuniões como Bastonário da Ordem dos Advogados. Nada a ver com política.
Por mais que estranhem, gosto do homem, e acho-o inteligente e capaz. As ideias que apresenta são genéricamente descomprometidas com todos os partidos.
É desorganizado, não tem estruturas nem experiência política, parece...digo parece oportunista, mas não creio. É um fenómeno do Entroncamento, mas único.
Ouvi, no programa Alta Definição já há alguns meses uma longa entrevista e gostei bastante. Conquistou-me.
Gosto de ideias e de gente. Estou-me nas tintas para os preconceitos dos outros, os que já me conhecem, sabem que sou assim.
Está portanto em banho-Maria na minha apreciação final. Seria útil para Portugal, tê-lo no Parlamento. Com o tempo pode-se tornar um excelente político. Veremos.

5. O Governo e a coligação.
Pelo que tenho ouvido e lido, a mensagem é pastelosa, repetitiva e professoral. Também dão tiros nos pés e estas últimas declarações da Ministra das Finanças vão-lhes causar a derrota.
O discurso técnico é porventura justo, mas não compra votos.
Os resultados têm sido sobretudo positivos para a imagem de Portugal no exterior o que é bom, e aliás, indispensável em termos financeiros senão a penúria seria ainda maior.
Uma terrível falta de estratégia de comunicação do Governo: o fartote de sempre o mesmo tom do PM ou de ameaça e pancada ou de optimismo disparatado.
Continua a falta de emprego, a crise, a pobreza, as pensões baixas, o desânimo quanto ao futuro.
Esta é a realidade, ainda que talvez injusta pelos esforços feitos.

Mas em política, como todos sabemos, quem ganha eleições é quem faz tinir nos bolsos dos contribuintes/eleitores mais uns tostões...e neste caso, saem todos dias os poucos que ainda vão restando.

Uma coligação em que se cheira à distância não haver affectio nem engajamento e por isso, o eleitor está farto de protagonismos.

Tantas coisas de interesse para comentar: o Syriza, a Grécia e as previsíveis consequências, o Podemos, os Nuevos Ciudadanos, a Rússia, a Palestina e Israel, o Papa, etc

Há tantas novas ideias no ar, tanto tão mais agradável do que o bolorento políticamente correcto. Mas isso sou eu que sou um anarquista convicto...não tenho dono.

Tenham paciência, mas sou vosso amigo e sobretudo tenho liberdade para pensar como quero.

Isso não tem preço.

domingo, 24 de maio de 2015

grande conta bancária

As senhoras dos 40 em diante, compram soutiens generosos, exibem peitos mascarados e fazem dietas horrorosas passando fome, não aproveitando a vida. Será que pensam que disfarçam a idade?

Erro: pois as sérias, casadas ou uniãodefactadas têm já companheiro. As pouco sérias, ou seja as putas, mesmo que não ganhem dinheiro, não enganam se comparadas com moças novas, frescas e jeitosas.

Entendamo-nos, estou de acordo em que se cuidem e sejam garbosas, bonitas e vistosas do que gordonas, com rabo em forma de pêra ou de outro fruto, usando vestidos ratões de padrões do tipo cortinados, sem jeito.

Mas nada melhor do que chamar as coisas pelos nomes: mulheres ou homens novos não são comparáveis com a geração mais velha.

Cada geração tem o seu encanto!

É um fato ou será um facto!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Empreendedorismo




Anúncio em plena Av. Angola (Alto Maé, Maputo, Mocambique)
Medico tradicional que acaba de xegar de Nampula (Mocambique)! Veio pra ajudar você: cura quase tudo!
1. Faz scapar condenção de juiz no tribunal;
2. Faz aquele que não da filho dar filho;
3. Faz trazer cliente na Barraca, na loja ou nagocio para dono ficar rico;
4.Faz devolver aquilo que roubaram ou fica maluco;
5. Tem remédio para homem que já dexou de ser homem levantar e ser homem outra vez;
6. Faz aumentar bicho de homem para mulheres gostar bem;
7. Faz diminuir bexiga de mulher ou gordura que nao presta para homens gostar muito ate eskecer em casa;
8. Tem remédio de separar casal para ficar com mulher ou marido dele;
9. Devolve marido roubado e gostar da mulher dele muito mais;
10. Tem remédio pra quando dormir com mulher ou marido de dono não ser descoberto;
11. Tem remédio para homem ficar muito tempo dentro da mulher;
12. Tem remédio para ter marido, serviço e outro sorte qualquer;
13. Faz meninas parecer bonita e ser gostado por todos os homens;
14. Faz criança parecer com marido quando gravida apanha com vizinho;
15. Ajuda Agiota esquecer cobrar dinhero quando está muito mal com outra dívidas;
16. Cura doenças venerea que se apanha quando faz asnera de adultos;
17. Ajuda mulheres pra os marido lhe dar muito dinhero;
18. Faz chefe gostar no serviço mesmo você nao ser nada;
19. Cura doença dos pulmõs;
20. Faz passar de classe estudantes que no estuda.
21. Ajuda fazer tese de mestrado (MBA) em um mes;
22. Faz aparecer processo na universidade, quando precisa provar que estudou lá.
23. Ajuda partido ter razão no CNE ou Tribunal Congestional quando outro partidos ou chefes grande faz porcaria;
24. Ajuda você nunca ser confundido com "DISTRAÍDO";
25. Já esteve em muitos paises internacionales entre eles:Chimoio, gurue, nhassa, tete, machixe, zandamela, xocué e boane!
Recebe 50% no dia do tratamento os outros 50% recebe quando cliente ja estar bom;
Dr. Taibo Wotheque Abdulah
Avenida de Angola, Bairro do Alto Mae, Maputo, perto do canhoero ver placa amarela!

Lo que Juan dice de Pedro


segunda-feira, 18 de maio de 2015

Atitude e os incidentes de ontem - Benfica campeão e efeitos quejandos

Que grande maçada esta de ver, ouvir e ler a cada minuto comentários sobre os acontecimentos à volta da vitória do Benfica.
1º ganhou : parabéns e ponto final. Não há cá que ficar de cara torta e ser-se cínico. As regras foram cumpridas.
2º Claro que nem todos os benfiquistas são selvagens, nem apanham bebedeiras de caixão-á-cova. Também há desta gente em todos os outros clubes e fóra dos clubes, infelizmente.
3º Há gente muito excitada, desgovernada, marcada pela crise e precisa de um momento de descompressão, já sabemos, mas tudo tem limites.
4º A PSP não tem obrigação de suportar os insultos e os destemperos de bêbados, de gente ordinária e sem maneiras e neste caso descontrolados pela vitória.
5º Na PSP, como em todas as instituições públicas e privadas, há boas e más pessoas, gente controlada e desejosa de também descomprimirem pelos sucessivos atentados à sua dignidade. Tanto faz, deverão ser responsabilizados depois de apuradas as culpas, como toda a gente.
6º O futebol está a tornar-se num desporto que aliena as consciências e faz que se tenham os olhos raiados de fúria ou de ódio, e cria situações próximas do ridículo.
7º Ontem ao pé de mim passaram uns quarenta rapazes a gritarem palavrões da pesada e nem sequer ao Benfica se referiam.
8º Se perguntarmos a um destes trogloditas que berravam como só os chibos fazem, porque estava ali e a gritar...saem uns sons roucos e sem sentido...acho que nem na morte de algum familiar se verão emoções tão destemperadas que roçam o absurdo.
9º Um clube é uma pessoa colectiva, composta por sócios e jogadores. Não é uma pessoa moral, um ser humano por quem se vibre com o ardor do amor ou da amizade ou do sacrifício...digo eu, mas parece que é.
10º Finalmente, bom seria que nas escolas houvesse uma cadeira obrigatória de comportamento na cidadania, e não só no futebol: nos respeito pelas coisas de terceiros, no cuidado das cidades e vilas aonde se habita, na ajuda aos que sofrem...podia fazer um doutoramento sobre este tema.


A ver se não damos aspecto de atrasadinhos mentais, vale?

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mais uma aula na cadeia de Monsanto

Mais uma aula na cadeia de Monsanto. Tive que esperar meia hora para que um guarda barbudo me abrisse a porta da zona dos reclusos para entrar na sala de aula. Este é um país de greves! Faziam-na de manhã até às 15h, quando deveria ter começado o meu trabalho com os reclusos às 14h30m.

Hoje resolvi dedicar a aula a uma tarefa também do domínio do ensino de português para estrangeiros, mas na sua expressão oral. Ou seja, cada um deveria exprimir-se sobre um tema que eu escolhera e apresentar as suas ideias em português.

Ora, como eles vêm na televisão os canais portugueses, e tendo-me falado sobre Fátima, achei que seria interessante trocar impressões sobre dois pontos concretos:

- como encaram a religião? Que impacto tem ou não na sua vida de prisioneiros de alta segurança ( 90% do dia em celas individuais) a religião? Rezam ou são não crentes? Como vêm a morte e a vida após a morte? Acreditam nisto ou acham que tudo termina no momento da morte?

- acreditam num Deus? Ou não? Como vêm o Universo ? Quem criou o Universo e os Homens? No avanço da ciência aonde se coloca a terra? É o planeta mais importante por ter sido criado por Deus ou é mais um núcleo de vida? Que pensam sobre as diversas Igrejas e suas normas?

São reclusos católicos, muçulmanos, ortodoxos, ateus e não praticantes pelo que a variedade de origens era desafiante e actual.

Devo confessar que mais do que ter grandes discussões filosóficas, o meu objectivo era pô-los a falar como terapia para o isolamento, solidão e silêncio a que estão votados a cada dia.

Todas as vezes que saio, finalmente, para a rua, respiro fundo e fico estomagado ao pensar que muitos mais do que só os meus alunos, ficam para trás sem poderem sequer aproveitar a magnífica vista de Monsanto, dentro do perímetro da prisão, e revolvem-se numa rotina cinzenta e inoperante, castradora de qualquer reinserção.

Não quero estar sempre a pisar na mesma tecla, mas se quem de Direito, estudasse realmente as condições das cadeias, haveria seguramente muito a mudar.

Um outro aspecto muito relevante é a calacice a que conduz pessoas sem horizonte nos próximos 7 a 20 anos de cadeia, que passam os dias sem rigorosamente fazerem nada.

Estou, naturalmente decido, como aqui tenho dito a tentar modificar tal estado de coisas através de parcerias com entidades e universidades, bem como com particulares que se queiram juntar a mim nesta tarefa.

(continua)

terça-feira, 12 de maio de 2015

Fátima

Durante muitos anos fui no dia 12 de Maio a Fátima para participar na Procissão das velas e demais celebrações, bem como ficar para o dia seguinte.

Seguia atrás do andor como Membro da Ordem de Malta e por isso dava a volta ao Santuário, cantando e rezando.

Depois passei para o meio da esplanada, pois a pompa e a circunstância não se coadunavam mais com o espírito de peregrino que me levava a Fátima.

Ultimamente e quando me apetece vou no meio da semana, longe da multidão, sentar-me na Capelinha e ali fico no sossego do silêncio participando, quando há, nalguma oração comunitária.

Sempre me comoveu a procissão das velas e no dia 13 o adeus à imagem que vinda do altar-mor no fim das celebrações é despedida por milhares de lenços brancos a cantarem o adeus.

Claro que são momentos em que os sentidos ficam mais apurados e são contagiados pela emoção colectiva. São fenómenos conhecidos de que não me envergonho. São uma espécie de catarse necessária que limpa meses ou anos de empedernimento, falta de choro e desfaz no coração alguns espinhos mais teimosos em o deixar bater sem limitações.

Porém tudo isto é muito bonito mas quando se volta e se mergulha no dia-a-dia é aí que devemos pôr em prática a conversão interior na dedicação aos outros, a começar pelas nossas famílias.

Hoje em dia existe e aliás sempre existiu cepticismo em relação às aparições com teorias da conspiração para todos os gostos.

O que para mim é sempre mais difícil, independentemente de não ser o meu género venerar imagens que variam consoante o escultor ou pintor, é o conceito da fé sem ver, ouvir ou tocar. Eu sou muito “S.Tomé” e por isso, espero com curiosidade o dia em que chegar o meu fim, para tirar teimas ou pura e simplesmente ter passado a cinza, pó e nada.

Faz-me sempre candura as promessas em Fátima de gente simples e não só, diga-se em abono da verdade, que desejam “comprar” favores através de esmolas ou sacrifícios e que quando não se realizam, são capazes de voltar a pedir! Oiço com frequência e nestes tempos de crise súplicas do tipo” Ai, minha Nossa Senhora, fazei que o Jorge não seja despedido” e TAU! vem um estrepitoso processo de despedimento colectivo em que o dito Jorge vai para a rua e sabe Deus com que indemnização e se a recebe algum dia!
Esta é a realidade e digo isto sem nenhuma intenção de troçar de tantas pessoas que eu conheço, família e amigos, que pensam que Deus e os Santos, são especialistas do PIB, da redução da despesa, de decisões do Tribunal Constitucional, e por aí adiante.

Enfim, se tivesse tido a ocasião lá teria ido nesta noite quente a Fátima, ver desfilar pelo meio da multidão uma figura de gesso, frágil e rodeada de luz de velas que faz chorar, cantar de alegria, de súplica, de fé e de esperança em quem acredita ter aparecido a três bouçais pastorinhos.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Carta do meu primo Luis Bernardo - Narrativa da festa e jantar



Meu Querido Manuel,

A festa dos teus Pais foi um deslumbramento. Pediram ao "29" que lhes desse uma mão e ficou como sempre muito bem arranjado.

No terraço grande em frente da casa começava uma tenda que se alargava para o jardim imenso. Os canteiros de flores garridas de que o teu Pai tanto gosta e cuida, estavam um esplendor. De lado, por detrás de umas micas generosas deixava-se entrever o arvoredo, todo iluminado.

No fim do jardim numa varanda em pedra bastante larga, podia-se ter uma panorâmica sobre o mundo e como a festa se prolongou até ao amanhecer, os convidados vieram apreciar tanto as vistas da noite como o nascer do Sol.

O terraço tinha sido deixado para palco das representações que se iriam desenrolar e do espectáculo organizado pelos teus Pais.

Pelo parque sobre a relva, espalhavam-se as mesas que estavam lindas. Com centros de mesa com candelabros de prata e velas acesas e o serviço de porcelana armoriada da família, de que tu tens réplica no Alentejo. Os marcadores em vermeille com o mesmo faqueiro e copos de cristal valorizavam a Companhia das Índias que em cada mesa, em pequenas terrinas abertas e sem tampa deixavam sair flores vistosas a dar com as cores da porcelana.

As toalhas em seda beije e com saiote tornavam o arranjo das mesas imponente. As cadeiras eram confortáveis pois o "29" decidiu e muito bem, que os convidados deviam estar cómodos.

Criados fardados de libré, serviam os aperitivos que eram deliciosos: salmão fumado enrolado em cónes crocantes, caviar beluga à colher sobre blinis, uns camarões frescos em pequenas empadinhas de massa folhada, uns croquetes de javali quentes e como bebidas, champagne, vinho da Madeira, jerez, vinho branco gelado Chablis e Carcavelos.

O jantar era muito bom:

- ostras gratinadas com espinafres, acompanhadas por champagne;

- lagostins grelhados com molho de mayonnaise aux fines herbes acompanhado por um Mosel de primeira ordem;

- um sorbet de lima;

- perdiz estufada com cebolinhas e batata palha e acompanhadas por um vinho tinto de Chateau Petrus.

De sobremesa um soufflé Grand-Marnier acompanhado de Licor Beirão, et pour cause…

Um plateau de queijos servido em cada mesa, com Serpa e Azeitão acompanhado por um Porto Barros de 1919.

No final, havia charutos que tinham sido trazidos pelo Conde de Montérrón, ele de origem cubana, e as bebidas do costume desde o Drambuie, Whiskies de malte e sem serem, Cognacs, e Grappas. 

Muitos smokings brancos impecáveis e as senhoras muito bem vestidas, com jóias formidáveis. A parentela esmerou-se.

Lá estavam os Amigos de sempre, os Horta e Costas, os Herédias, os Mónica, os Andersen, os Vasconcellos Abreu, o Pai Motta Veiga, os Marques Guedes, os Rebello de Sousa, os Lagos, os Vasconcellos Guimarães, os Paiva Raposo e como já tinha bebido um bocado, não dei por mais.

Havia uma orquestra impecável e dançou-se bastante. A um dado momento os teus Pais que estavam elegantíssimos, foram para o terraço e a tua Mãe agradeceu muito terem vindo à festa e anunciou que se iria começar com as duas representações referidas num programa que constava no verso de um menu lindo com a descrição dos pratos do jantar, impresso a grená com um diabinho com uma cauda no meio de uma frase que dizia: “who’s the devil, is sitting here?” Por baixo o nome do Convidado. Tudo isto mandado vir de Bond Street do Smythson, que é único.

Tive uma longa conversa com o teu Trisavô, Dom Francisco Bernardo de Noronha e Távora, a propósito de uma demanda sobre umas terras e uns palmares bem como sobre uns palácios e casas em Goa. Acabou por ser o teu Bisavô Souza Andrade que como juiz da Relação de Nova Goa, dirimiu o assunto. Também encontrei a tua Bisavó italiana, com quem falei sobre Génova, cidade de que eu gosto tanto.

(continua)

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Resposta do meu primo Luís Bernardo - ceia sublime


Meu Querido Manuel,

Cá recebi a tua carta que chegou bem. Estou numa roda-viva pois há aqui uma enorme festa organizada pelos teus Pais. Para além da tua família toda até aos 4ºs Avós, dos dois lados, resolveram convidar amigos de toda a vida.

O pretexto, imagina tu, é a Alegria. Até parece que um dos temas da tua missiva – a Tristeza – para que me pedes conselho, vem a calhar para te falar do que aqui se celebra. Se me deixas, vou responder-te falando do oposto.

Pois a tua Mãe, com a sua energia habitual, está a preparar tudo para que seja uma festa em cheio. Sabes como ela aí fazia umas peças de teatro muito engraçadas em que participavam os filhos e netos e os amigos caturras. Pois aqui, vai ser sem vocês os filhos e netos, mas com a parentela e os que aí tão bem alinhavam nas representações e divertimento.

Assim vai haver vários quadros inspirativos:

- é na família que se encontra a ALEGRIA – sabes tão bem como eu que ninguém é igual e cada um tem os seus feitios e interesses e à medida que se vai crescendo vai-se adquirindo a sua personalidade. 

É no seio da família que se devem dirimir os diferendos, recuperando as boas memórias e perdoando os defeitos e atitudes menos bem tomadas. Se não houver uma referência e necessidade de revisitar o ambiente familiar, nos bons e sobretudo nos maus momentos, a família dispersa-se, divide-se e tornam-se uns estranhos. 

É na unidade no sofrimento e nas alegrias que aprendem os Pais e os Filhos a serem melhores, a respeitarem-se, a exprimirem sem vergonha os sentimentos de amor e de disponibilidade quando são chamados a actuar. E, o que se ganha em partir esses laços, por muitas razões que possam existir? 

O tempo passa a correr, os anos sobrevêm, as doenças e a dependência chegam, a solidão e a dita tristeza.

Que bom é um filho ou filha sentir o calor do amor dos Pais, que tantas “untold stories” têm sobre cada um, de preocupação, de sacrifício, de alegrias, de orgulho e de entrega a ponto de se ser capaz de dar a vida. 

Pois bem no sentido contrário isso acontece, que bom é os Pais sentirem o retorno desse amor retribuído em paciência, atenções, respeito, disponibilidade e ternura.

Já vês, este quadro vai ser feito pelos teus Pais, os dois com tão ricas experiências e tal como os conheço falarão serenamente com verdade, humildade sem engrandecimento, porque sempre lhes saiu com naturalidade. Tu bem o sabes.

- um segundo quadro em que o tema é a ALEGRIA que se encontra em esquecer-nos de nós próprios e dar-nos aos outros. A alegria da dedicação, da atenção ao que esperam de nós, a misericórdia e bondade no trato com todos, o serviço aos mais desfavorecidos e não só àqueles com faltas materiais: aos solitários, aos idosos, às crianças abandonadas, aos com fome e sede de justiça. Mas para esses, o exemplo da ALEGRIA é a melhor cura dos males.

Depois um baile formidável das mil e uma noites com uma ceia opípara, com um menu digno dos maiores gourmets e gourmands. Depois te conto e descrevo ao pormenor.

Vou tentar estar com o Moisés como me pediste, para o mês que vem, pois ele não é fácil de encontrar. 

Passa a vida a fazer rectificações nas diversas versões dos mandamentos. Há por aí muita fantasia, plágio e invenções disparatadas. Já veremos o que ele diz.

Quanto ao UNIVERSO, e a tudo quanto me perguntas, estou proibido de te descrever mas posso adiantar-te algo que te vai descansar. O caminho até aqui é bom e prazenteiro e como já te disse antes em outras cartas, goza a vida aí, porque aqui é diferente.

Por isso, esquece a TRISTEZA e transforma-a em motivos de ALEGRIA. Há tantas coisas boas e positivas para desfrutar, então porque entristecer-te?

Um afectuoso abraço do teu primo muito amigo

Luís Bernardo

Chiado - 1º de Maio de 2015

Chiado 18h - cheio a abarrotar de estrangeiros, de todas as idades e feitios. Uma banda de jazz muito boa toca em frente da Casa da Sorte (fechada, mais uma) . Imensa gente ouve e aplaude.

Parece Paris ou Londres ou mais Hong Kong, sem chineses, uma densidade de gente a conversar e a olhar as lojas e a entrar e a comprar. Lisboa está na moda.

Falta ao Chiado a amplitude dos Boulevards ou das 5 avenida e Regent Street, mas é o que temos. Senti-me bem.

O meu destino era a FNAC e a Bertrand, aonde vou a cada semana e quase sempre quando almoço no Turf.

As duas livrarias com bastante gente desde locais a estrangeiros.

Aqui ainda me sinto melhor! Vou acompanhando o que vai saindo por isso ansiosamente, folheio, toco, cheiro bem perto e leio páginas e vou-me encantando por um e por outro e por mais um....se fosse comprar todos saía com pilhas de livros.

Todos têm na minha cabeça o seu momento de leitura posterior, imagino a sequência e o cenário apropriado.

A FNAC tem à venda por €9,00 as obras completas de Waughm, Wilde, Woolf e tantos outros em inglês numas edições fantásticas e maleáveis com capas atraentes....apetece comprar todos, mas para quê se já tenho em livros individuais..

E é isto folks! O meu primeiro de Maio foi passado assim.

Devo confessar que as lojas estão TODAS abertas, que não estão tempos para manifs.....ao trabalho, camaradas!

(Escrito agora num maple da Bertrand, em sossego)