No meio dos meus afazeres internacionais, acabo por ter algum tempo no intervalo das diferentes "time zone" e tenho acompanhado em mais detalhe quer as eleições em Inglaterra e agora em Espanha, com vista a um meu maior esclarecimento.
Tenho-me também focado nos diversos programas eleitorais que começam a surgir aqui em Portugal e devo confessar que estou cada vez mais decidido a votar em branco, continuem as propostas a ser as que têm vindo a lume.
Alguns rápidos considerandos para não vos maçar.
1. O Presidente da República tem toda a razão quando chama a atenção para a crescente apatia política na sociedade portuguesa, transversal a todas as idades e extractos sociais e profissionais. Naturalmente que é um aviso aos partidos para que orientem os seus programas e campanhas eleitorais por forma a que os resultados sejam expressivos da vontade do eleitorado e não de uma minoria;
2. O Partido Socialista tem ideias apelativas e populares e, na minha opinião vai ganhar sem maioria, mas ganha. Porquê? São melhores? Não, mas perceberam que a austeridade teve os seus dias contados e mesmo que demagògicamente as propostas apresentadas criem dificuldades no futuro, os povos precisam de "descanso" no sofrimento e nos sacrifícios e votam no imediato. Mesmo antecipando problemas mais tarde (hoje em dia os "economistas, juristas e comentadores desinformados e impreparados" de raiz popular aumentaram exponencialmente devido aos debates enfadonhos e frequentes nas televisões) não se preocupam um momento sequer e deixam que sejam os vindouros a resolver. Por isso, o canto da sereia é atractivo. Muito mais haveria a dizer para sustentar a minha tese e até opinar sobre os interlocutores do PS. Fica para outra ocasião.
3. Eu votaria para Presidente da República no Marcelo Rebelo de Sousa. Vou escrever-lhe em breve pois conheço-o bem e dar-lhe algumas dicas tais como:
- tenha coragem por uma vez e diga francamente: eu sou candidato para ganhar e se perder, paciência.
- preciso que votem em mim, quer os partidos do centro e direita como as pessoas que se revêm em seriedade, competência, experiência internacional, cultura e mundo.
- não estejam sempre a pensar no meu passado e acreditem que as pessoas mudam e sobretudo se forem apoiadas;
- vou fazer um programa de compromisso para com os Portugueses;
- não julguem antes de me verem cumprir.
4. Tenho ouvido o Marinho e Pinto. Conheci-o pessoalmente em várias reuniões como Bastonário da Ordem dos Advogados. Nada a ver com política.
Por mais que estranhem, gosto do homem, e acho-o inteligente e capaz. As ideias que apresenta são genéricamente descomprometidas com todos os partidos.
É desorganizado, não tem estruturas nem experiência política, parece...digo parece oportunista, mas não creio. É um fenómeno do Entroncamento, mas único.
Ouvi, no programa Alta Definição já há alguns meses uma longa entrevista e gostei bastante. Conquistou-me.
Gosto de ideias e de gente. Estou-me nas tintas para os preconceitos dos outros, os que já me conhecem, sabem que sou assim.
Está portanto em banho-Maria na minha apreciação final. Seria útil para Portugal, tê-lo no Parlamento. Com o tempo pode-se tornar um excelente político. Veremos.
5. O Governo e a coligação.
Pelo que tenho ouvido e lido, a mensagem é pastelosa, repetitiva e professoral. Também dão tiros nos pés e estas últimas declarações da Ministra das Finanças vão-lhes causar a derrota.
O discurso técnico é porventura justo, mas não compra votos.
Os resultados têm sido sobretudo positivos para a imagem de Portugal no exterior o que é bom, e aliás, indispensável em termos financeiros senão a penúria seria ainda maior.
Uma terrível falta de estratégia de comunicação do Governo: o fartote de sempre o mesmo tom do PM ou de ameaça e pancada ou de optimismo disparatado.
Continua a falta de emprego, a crise, a pobreza, as pensões baixas, o desânimo quanto ao futuro.
Esta é a realidade, ainda que talvez injusta pelos esforços feitos.
Mas em política, como todos sabemos, quem ganha eleições é quem faz tinir nos bolsos dos contribuintes/eleitores mais uns tostões...e neste caso, saem todos dias os poucos que ainda vão restando.
Uma coligação em que se cheira à distância não haver affectio nem engajamento e por isso, o eleitor está farto de protagonismos.
Tantas coisas de interesse para comentar: o Syriza, a Grécia e as previsíveis consequências, o Podemos, os Nuevos Ciudadanos, a Rússia, a Palestina e Israel, o Papa, etc
Há tantas novas ideias no ar, tanto tão mais agradável do que o bolorento políticamente correcto. Mas isso sou eu que sou um anarquista convicto...não tenho dono.
Tenham paciência, mas sou vosso amigo e sobretudo tenho liberdade para pensar como quero.
Isso não tem preço.