sexta-feira, 22 de novembro de 2013
macacos do nariz
Pessoas que limpam o salão a conduzir: os vossos vidros NÃO são fumados.
As pessoas VÊEM-VOS a tirar cacotas do nariz, caramba!
In Bumba da Fofinha
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Carta ao meu primo Luis Bernardo
Meu Querido Luís
Bernardo,
Já lá vão umas semanas
sem te escrever e hoje à noite, sem sono, ouvindo no iTunes a Maria Callas, em
dois álbuns excepcionais, resolvi pôr-te algumas perguntas e fazer-te uma
visita por carta.
O primeiro tema é o da
morte, sempre recorrente. Todos os dias vão morrendo nossos amigos de mais ou
menos idade, impiedosamente, com sofrimentos distintos, a maioria de forma
dolorosa prolongada ou em desastres violentos. Muito poucos de repente e sem
aparente dor.
Para não falar de catástrofes
aonde sucumbem milhares de pessoas.
Até há muito pouco tempo
era um assunto em que não pensava.
Mas o meu ponto é o de se
ter medo ou não de morrer e mais ainda, ser-se indiferente. É um pouco o meu
estado presente.
Para uns há o cumprimento
da promessa da sua fé em que anteveem o paraíso, seja lá o que for, e que
se consubstancia no privilégio da presença junto de Deus
para a eternidade.
Para outros, é o fim das
preocupações, a paz encontrada: não terem mais problemas de taxas sobre pensões
de reforma, o não terem que aturar a mulher ou o marido ou filhos
problemáticos, ou não terem a desilusão de viverem num país em que já não se revêm, bem como tantos outros motivos. Não há uma vertente espiritual: é afinal o descanso “eterno”
encontrado.
O meu é, de momento, um
bocejo, o spleen do Eça! I couldn’t care less!
Não me apetece ter que
pensar na morte. Tanta coisa ainda por organizar…deixar indicações práticas para se
encontrar títulos de jazigos, enterros pré-pagos, milhares de cartas por
catalogar, centenas de fotografias para pôr em álbuns, identificar quem são as
gentes, livros – 2.500 no Alentejo, na livraria do monte – para pôr por assuntos.
Mas no fundo, de viagem
nesse dia, para que serve preocupar-me? Alguém o fará por mim ou não, hipótese
mais provável.
O segundo tema é o da
surpresa. Explico.
Há boas e más. Há
agradáveis e doces e outras amargas e dolorosas.
Há ingratidões, agressividades,
traições, sacanices, patifarias e gestos inesperados de amizade, aproximação,
reconhecimento.
Aonde me situo? Sem
dúvida nenhuma, quanto às primeiras, abomino e sinto-me como filho de boa-gente que sou
e quanto às segundas, por raras que são, sabem-me a maná caído do Céu!
Já vês que os temas
escolhidos são muito prosaicos e até banais, mas nem sempre tratados com esta
simplicidade linear.
Diz-me tu alguma coisa de
mais excitante que se passe por aí.
Vê se encontras três personagens a quem te pedia
que ao estares com eles, me apures algumas dúvidas e me actualizes sobre quem
realmente foram. São eles:
- Rainha Senhora Dona
Carlota Joaquina, Avoenga dos meus filhos. A reputação é do pior e sem entrares
em detalhes, ouve-a com comiseração e diz-me a Sua versão. A dos outros, já se
vai conhecendo pelos livros e escritos.
- Madre Teresa de Calcutá.
Fiquei indignado pela coscuvilhice do seu confessor ao autorizar a publicação
da sua vasta e confidencial correspondência com ele próprio. Sobretudo, apura o
que ela sentiu quando diz que ao serviço dos mais necessitados, sem embargo de
procurar a Fé, não a conseguiu encontrar até à morte. Deve ser um testemunho
essencial para quem, como ela, a busca e não tem a virtude de praticar o BEM
mesmo sem Fé, como ela o fez.
- Finalmente, um
personagem intrigante para mim, o Imperador Napoleão Bonaparte. Muito se
escreveu, mas o seu testemunho será bem diferente. Foca-te na época em que tudo
perdeu e acabou por morrer só e no exílio. Os Grandes têm muito mais interesse
quando estão na mó de baixo, pois é aonde se vê de que têmpera são feitos.
E por hoje é tudo.
Um afectuoso abraço muito
amigo do teu primo
Manuel
domingo, 17 de novembro de 2013
Sátira aos homes quando estão com gripe
"Pachos na testa, terço na mão
Uma botija, chá de limão
Zaragatoas, vinho com mel
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher
Ai Lurdes, Lurdes, que vou morrer
Mede-me a febre, olha-me a goela
Cala os miúdos, fecha a janela
Não quero canja, nem a salada
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada
Se tu sonhasses, como me sinto
Já vejo a morte, nunca te minto
Já vejo o inferno, chamas diabos
Anjos estranhos, cornos e rabos
Vejo os demónios, nas suas danças
Tigres sem listras, bodes de tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes, que foi aquilo!
Não é a chuva, no meu postigo
Ai Lurdes, Lurdes, fica comigo
Não é o vento, a cirandar
Nem são as vozes, que vêm do mar
Não é o pingo de uma torneira
Põe-me a santinha, à cabeceira
Compõe-me a colcha, fala ao prior
Pousa o Jesus, no cobertor
Chama o doutor, passa a chamada
Ai Lurdes, Lurdes, nem dás por nada
Faz-me tisanas, e pão-de-ló
Não te levantes, que fico só
Aqui sozinho a apodrecer
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer."
António Lobo Antunes
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Só sábios éramos 5
O essencial é ler muito: pouco
importa o quê. O que nos apeteça ler. A triagem é feita depois. E mesmo a literatura
estéril, a literatura filosoficamente pretensiosa e pedante, é segura para as
crianças porque elas não podem entender. Elas rejeitam-na, como mudam o botão da
TV quando lhes aparecem discursos políticos. São estes, os sábios. "
Barjavel
terça-feira, 12 de novembro de 2013
être fou ou pas
Il
n'y a pas de plus grande joie que de connaître quelqu'un qui voit le
même monde que nous. C'est apprendre que l'on n'était pas fou.
C. Bobin
domingo, 10 de novembro de 2013
menoridade intelectual...tenham lá paciência
Aquele momento em que os homens regridem ao nível de primatas por causa do futebol.
Aquele instante em que vê-los encavalitados uns nos outros a gritar "És a nossa fé, SLB alé" nos faz duvidar de todos os passos que a Humanidade deu na evolução da espécie.
Aqueles segundos em que vemos o nosso no meio dos outros e nos questionamos se ele sempre foi assim, meio-homem meio-babuíno, mas não nos importamos porque gostamos na mesma.
In "Bumba na Fofinha"
Aquele instante em que vê-los encavalitados uns nos outros a gritar "És a nossa fé, SLB alé" nos faz duvidar de todos os passos que a Humanidade deu na evolução da espécie.
Aqueles segundos em que vemos o nosso no meio dos outros e nos questionamos se ele sempre foi assim, meio-homem meio-babuíno, mas não nos importamos porque gostamos na mesma.
In "Bumba na Fofinha"
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Um ou dois beijinhos? O retrato de um flagelo social
Não vamos fingir que isto é uma questão obsoleta na nossa sociedade.
Eu que assevere a sua frescura, que acabei de ficar com a face esquerda
especada no vazio, à espera da bochecha alheia para o segundo encosto, e
ela nunca, nunca chegou.
Lamentavelmente, tive de continuar o movimento e fingir que queria pentear a franja. E claro que está sempre alguém a ver, que depois goza.
Já todos passámos por isso: aquela reação macacóide ao beijo no ar, o que fazer meu Deus? Assumo, rio-me, assobio para o lado? Agarro-o pelos colarinhos e obrigo-o?
Ora, não me cabe julgar se é certo dar um ou dois. Apenas acho que já era tempo de nós, enquanto sociedade, chegarmos a uma espécie de consenso. Se houvesse um estudo, tenho a certeza de que confirmaria que o flagelo do penduranço vitimiza 1 em cada 10 saudações beijadas. E note-se: isto só acontece em Portugal.
Neste país, o acto de beijar exige uma avaliação-relâmpago para se perceber se a pessoa dá um ou dois. Uma espécie de ritual de reconhecimento da espécie, ao estilo National Geographic. E é legítimo: em vez de cheirarmos os rabos, como os cães, roçamos a bochecha um X número de vezes (e para alguns isso é suficiente para saberem se querem copular ou não).
Há vários problemas nesta dubiedade. O primeiro problema é a nossa probabilidade de acertar ser 50/50. Ou seja, é pior do que a roleta (e chamam-lhe “jogo de azar” e não de “sorte” por alguma razão)
O segundo problema é acharmos que há pessoas que são mono ou duo-beijoqueiras por defeito. Quando na realidade elas não são de categoria nenhuma, simplesmente dependem do outro. Estão naquele limbo meio cortês meio cobardolas. ”Eu cá dou aquilo que me derem” dizem. E se ambas pensarem assim, é meio caminho andando para alguém ficar a pentear a franja.
O terceiro problema é ter de lidar com aquela estirpe que dá um à família da mãe, dois à família do pai, bacalhaus aos amigos e beijos com língua ao cão. Apresentar um namorado/a sem um briefing prévio é levá-lo a um campo minado de penduradores em série.
Do lado de quem é pendurado há sempre aquele que vira a cara para o infinito e avista coisas ao longe. Outra abordagem é a de fingir que se vai ganhar balanço para levantar a poupa do cabelo. Eu prefiro aqueles que não se conformam, e puxam o pendurador para si, firmemente mas não sem gentileza, impondo o segundo encosto sem ai nem ui.
Do lado dos que penduram há os que marimbam na cena por um lado, e os que pedem desculpa por outro. Às vezes estes últimos tentam retomar, mas entretanto o outro já retirou, ups, desculpe, e de repente são eles a deixar a bochecha suspensa no nada. Karma’s a bitch.
Para todos os efeitos, a linguagem corporal de um fail é simplesmente hilariante. Imbecil na importância que se lhe dá e socialmente mortal na forma como nos faz sentir, como se não fôssemos “competentes” no pelouro da etiqueta.
O mesmo acontece em contexto de trabalho, quando não sabemos se devemos beijar ou ficar pelo passou-bem. Eu invisto quase sempre nas duas beijocas, mas às vezes apercebo-me de que levei com um uppercut no estômago – o passou-bem falhado - e já é tarde demais para afastar a bochecha. É dramático.
Estive a pensar a sério em como evitar embaraços e queria partilhar os conselhos do consultório sentimental Dra. Bumba:
1. Levar um batedor. Alguém conhecido que conheça os hábitos labiais das pessoas do meio. Nós, atrás, limitamo-nos a imitar
2. Adoptar a táctica do vai-não-vai a seguir a dizer olá: simular em câmara lenta uma intenção – não se sabe qual - mas empatar o suficiente para ser o outro a aproximar-se, e assim passar para ele a batata-quente do número de beijos
3. Aguardar pela presa. Dá-se o primeiro beijo, após o qual se pára o pescoço num ângulo imparcialmente vertical, durante os milisegundos-chave em que a outra pessoa investe ou não para o segundo encosto, revelando-se mono ou duo – NAILED’IT!
4. Perguntar pelo canto da boca, tipo máfia italiana: um ou dois? É preferível a vergonha de perguntar que a de pendurar.
Espero que ajude.
X número de beijos,
Dra. Bumba
Lamentavelmente, tive de continuar o movimento e fingir que queria pentear a franja. E claro que está sempre alguém a ver, que depois goza.
Já todos passámos por isso: aquela reação macacóide ao beijo no ar, o que fazer meu Deus? Assumo, rio-me, assobio para o lado? Agarro-o pelos colarinhos e obrigo-o?
Ora, não me cabe julgar se é certo dar um ou dois. Apenas acho que já era tempo de nós, enquanto sociedade, chegarmos a uma espécie de consenso. Se houvesse um estudo, tenho a certeza de que confirmaria que o flagelo do penduranço vitimiza 1 em cada 10 saudações beijadas. E note-se: isto só acontece em Portugal.
Neste país, o acto de beijar exige uma avaliação-relâmpago para se perceber se a pessoa dá um ou dois. Uma espécie de ritual de reconhecimento da espécie, ao estilo National Geographic. E é legítimo: em vez de cheirarmos os rabos, como os cães, roçamos a bochecha um X número de vezes (e para alguns isso é suficiente para saberem se querem copular ou não).
Há vários problemas nesta dubiedade. O primeiro problema é a nossa probabilidade de acertar ser 50/50. Ou seja, é pior do que a roleta (e chamam-lhe “jogo de azar” e não de “sorte” por alguma razão)
O segundo problema é acharmos que há pessoas que são mono ou duo-beijoqueiras por defeito. Quando na realidade elas não são de categoria nenhuma, simplesmente dependem do outro. Estão naquele limbo meio cortês meio cobardolas. ”Eu cá dou aquilo que me derem” dizem. E se ambas pensarem assim, é meio caminho andando para alguém ficar a pentear a franja.
O terceiro problema é ter de lidar com aquela estirpe que dá um à família da mãe, dois à família do pai, bacalhaus aos amigos e beijos com língua ao cão. Apresentar um namorado/a sem um briefing prévio é levá-lo a um campo minado de penduradores em série.
Do lado de quem é pendurado há sempre aquele que vira a cara para o infinito e avista coisas ao longe. Outra abordagem é a de fingir que se vai ganhar balanço para levantar a poupa do cabelo. Eu prefiro aqueles que não se conformam, e puxam o pendurador para si, firmemente mas não sem gentileza, impondo o segundo encosto sem ai nem ui.
Do lado dos que penduram há os que marimbam na cena por um lado, e os que pedem desculpa por outro. Às vezes estes últimos tentam retomar, mas entretanto o outro já retirou, ups, desculpe, e de repente são eles a deixar a bochecha suspensa no nada. Karma’s a bitch.
Para todos os efeitos, a linguagem corporal de um fail é simplesmente hilariante. Imbecil na importância que se lhe dá e socialmente mortal na forma como nos faz sentir, como se não fôssemos “competentes” no pelouro da etiqueta.
O mesmo acontece em contexto de trabalho, quando não sabemos se devemos beijar ou ficar pelo passou-bem. Eu invisto quase sempre nas duas beijocas, mas às vezes apercebo-me de que levei com um uppercut no estômago – o passou-bem falhado - e já é tarde demais para afastar a bochecha. É dramático.
Estive a pensar a sério em como evitar embaraços e queria partilhar os conselhos do consultório sentimental Dra. Bumba:
1. Levar um batedor. Alguém conhecido que conheça os hábitos labiais das pessoas do meio. Nós, atrás, limitamo-nos a imitar
2. Adoptar a táctica do vai-não-vai a seguir a dizer olá: simular em câmara lenta uma intenção – não se sabe qual - mas empatar o suficiente para ser o outro a aproximar-se, e assim passar para ele a batata-quente do número de beijos
3. Aguardar pela presa. Dá-se o primeiro beijo, após o qual se pára o pescoço num ângulo imparcialmente vertical, durante os milisegundos-chave em que a outra pessoa investe ou não para o segundo encosto, revelando-se mono ou duo – NAILED’IT!
4. Perguntar pelo canto da boca, tipo máfia italiana: um ou dois? É preferível a vergonha de perguntar que a de pendurar.
Espero que ajude.
X número de beijos,
Dra. Bumba
domingo, 3 de novembro de 2013
Evangelho da Missa de hoje: Zaqueu, o publicano e cobrador de impostos
Evangelho da Missa de hoje: Zaqueu, o publicano e cobrador de impostos, reconhece que abusou e promete a Jesus dar metade da sua fortuna aos pobres e QUATRO VEZES MAIS A QUEM COBROU IMPOSTOS EM EXCESSO.....nós aceitamos só duas vezes, oubiram ó senhores do Goberno?????
Ás vezes queremos voltar a ouvir as mesmas coisas de sempre
Ás vezes apetecemos voltar
ao aconchego do ninho
como se a vida fosse
um ir e voltar
pelo mesmo caminho
Ás vezes queremos voltar a ouvir
as mesmas coisas de sempre
os mesmos sítios e lugares
que só ao longe...tão longe
se compreende
Aonde é o fim
a ultima fronteira
já percorri toda a terra
e nunca saio da tua beira
Haverá mapa
ou é só desejo
o mundo não chega
para esquecer-me do teu beijo
Quieto caminhei
mais de mil anos
compreendi o teu sorriso
e o quanto já andamos...
Quietos...
a amarmos
por todo o lugar
quer exista ou não exista
quanto já viajamos
Oliveira Gomes
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