sexta-feira, 6 de maio de 2011

Conto da dona Lili (6) Atrevimentos


- Maria Alberta, eu conheço o teu passado e quero-te ver feliz. Eu posso ajudar-te a conseguir voltares a ter uma vida gostosa. Queres? – e Dani, pegava nas mãos e fazia-lhe festas mansas e doces.

Tinha dito a Pais da Silva que o patrão precisava dela e o marido não se opusera a que não ficasse em casa nesse dia de folga. Era-lhe completamente indiferente, pois tinha um jogo de batota aprazado na taberna. Só não queria perdê-la: era o seu talismã, agora a sua fonte de rendimento e como bom machão não gostava de ser abandonado.

Maria Alberta tinha-se aperalquitado nessa manhã de Domingo, e quando saíra de casa levava posta uma camisa de cambraia branca aberta e com folhos, deixando ver, generosamente, os seus alvos peitos que cobrira com um xaile enrolado à volta dos ombros, no percurso até à casa do doutor Daniel. Escolhera uma saia curta e leve de tons azuis claros que moldava as formas do corpo e calçara umas sabrinas de coiro fino, deixando entrever o peito rosado do pé, maneirinho e formoso. Tinha finalmente borrifado um pouco de perfume de alfazema, fresco e bem cheiroso.

Cismara toda a noite sobre o verdadeiro sentido daquele convite: Dani, sem os irmãos e o pai, sozinho a dois. Para que precisaria ele dela?

Ao chegar à porta, viu luz na sala e quando entrou, Dani apareceu-lhe a dar os bons dias.

Vestia uma camisa de fino linho, aberta, com os respectivos botões desapertados até meio do tronco, deixando perceber um peito firme com um abdómen bem musculado e tinha posto umas calças apertadas que lhe chegavam até aos joelhos.

Um sorriso aberto e acolhedor. Fora atrás dela até à cozinha, aonde lhe perguntara se queria que lhe servisse o café da manhã.

Ficara muito embaraçada quando ele lhe pegara nas mãos, mas apesar de ter recuado, não as retirou.

Eram umas mãos finas, longas e macias e o perpassar dos dedos na sua pela fê-la arrepiar-se e a precaver-se.

- O sr. doutor diga-me em que lhe posso ser útil, pois para isso vim – respondeu afogueada.

- Nada temas de mim, Maria Alberta. Preciso que me arrumes uma roupa nova que comprei e que também me dês a tua opinião. Tenho-a lá em cima no quarto – disse Dani.

(continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário