segunda-feira, 10 de maio de 2010
Desalento
Prevejo grandes apertos de vida para todos nós a curto prazo, devido a esta danada crise que afecta a Europa e o nosso País.
Nem é tanto os sacrifícios materiais, mas é sobretudo o futuro das próximas gerações.
Será um país aonde haverá menos dinheiro para a cultura e as coisas da mente, as pessoas andarão stressadas e sem visão de uma vida melhor, pois mesmo que cumpramos as metas do PEC em 2013, logo a seguir voltar-nos-ão a pedir que paguemos tudo quanto ainda devemos e que é muitíssimo e que se irá agravando até esta data.
Por isso as perspectivas são de um enorme desalento e de uma certa revolta de como foi possível deixarmos chegar as coisas a este ponto.
Penso que a culpa nem é só dos Guterres, Santanas e Sócrates e até Cavacos.........é de todo um povo que amorfamente foi elegendo e mantendo no poder Governos, quadros, políticos, técnicos incompetentes, ou pelo menos, incapazes de anteciparem as consequências de asneiras irreparáveis.
E são os povos que pagam as crises, não as elites.
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Manel,
ResponderEliminarVou tentar alegrar o teu dia. Mas atenção, isto é historicismo, e o Popper dizia com razão que não devemos ser historicistas - a história nunca se repete.
Mas ao conhecermos os factos que fizeram história, ficamos a conhecer a fibra (ou falta dela) de um povo - e a fibra permanece.
Desde 1833 até 1931 o País esteve sempre em bancarrota técnica; em 1892, se não me engano, a bancarrota foi mesmo oficialmente declarada.
Mas se olharmos para este período (exceptuando os 16 anos da 1ª República) de relance constatamos:
- duas das mais brilhantes gerações de intelectuais portugueses viveram neste tempo - primeiro os romãnticos, Garrett e Herculano, etc, depois a geração de 70, Eça, Antero, Oliveira Martins, além do gigante Camilo que atravessou as duas gerações;
- Construiram-se pontes (algumas desenhadas por Eiffel), estradas, caminhos de ferro, barragens, monumentos - olha o palácio de cristal no Porto, olha o teatro D. Maria, olha o castelo da Pena;
- o nível de vida real das pessoas subiu efectivamente em média - com excepção da úlima década do sec. XIX em que houve um breve surto de miséria;
- basta ler "As Farpas", "Os Gatos", e todos os jornais e revistas deste período para constatarmos que o políticos do tempo eram, sem excepção, considerados umas bestas e uns cretinos, quando não ladrões encartados (olha o Costa Cabral).
Ora, desde a década de 40 do sec. XIX que os profetas da desgraça auguravam a invasão de Portugal ora pelos ingleses ora pelos espanhóis como consequência da bancarrota iminente - lembras-te do Cohen (aliás Henrique Burnay) no célebre jantar do Hotel Central: "a bancarrota é inevitável e aproxima-se num galope certinho"?
Mas a bancarrota ficou na história como uma nota de rodapé. O importante foram as grandes revoluções políticas - o Setembrismo de Passos Manuel, depois neutralizado pelo Costa Cabral, e este por sua vez apeado por um levantamento popular, a Maria da Fonte, e mais tarde outro movimento popular mais sério contra os "ordeiros", a Patuleia, a Regeneração, o Fontismo, e por fim o declínio e queda da monarquia, estritamente por razões ideológicas, melhor dizendo, por ódio ideológico.
E todo este fervilhar político e militar ia atemorizando os credores da banca internacional que, na verdade, nunca conseguiram que os respectivos países tomassem uma posição de força e foram engolindo década atrás de década os refinanciamentos que os bons do Silva Carvalho e Rodrigo da Fonseca lhe foram impingindo in extremis. Só para veres, sempre que o Silva Carvalho desembarcava em Portsmouth, a bolsa de Londres baixava...
O que é que eu quero dizer com isto? É que compete ao bom velho povo português dar o coice de mula nesta malta e partir para a 4ª República, ou para a restauração da monarquia, recuperando a fibra que tem sustentado o país independente desde 1143. Conheces pois tu algum Saldanha ou um Spínola disposto a sair com a tropa para a rua? Se sim, manda-me o telemóvel do gajo para por as coisaas em marcha.
Abraços,
Zé