terça-feira, 18 de maio de 2010
Casamento gay: Cavaco Silva engoliu um bolo-rei inteiro sem mastigar
Pedro e José há muito que se amavam. Primeiro às escondidas dentro do armário. Mais tarde arriscaram substituir o cheiro a naftalina do interior pelo cheiro intenso a mofo das mentalidades no exterior. E lá saíram assumindo a homossexualidade primeiro e depois o namoro. Quis o destino e o governo PS com a ajuda da restante esquerda que pudessem celebrar o matrimónio dentro da legalidade ainda durante o ano conturbado de 2010. E assim foi.
Estava tudo a correr bem até à parte em que o conservador resolveu perguntar aos presentes se tinham conhecimento de algum impedimento legal que pudesse ir contra a celebração da união. Ouviu-se um barulho como se alguém estivesse a comer e todos se voltaram.
Quem falou?
- Fui eu.
Eu quem?
- O Presidente da República, meu imbecil.
Peço desculpa Senhor Presidente que não o estava a ver. Mas sabe de alguma razão válida para que este casamento não deva ser realizado?
- Sei de várias. Mas "há momentos na vida de um país em que a ética da responsabilidade tem de ser colocada acima das convicções pessoais de cada um" E ainda por cima as eleições estão aí à porta e o voto gay vale tanto como os outros.
Desculpe mas não percebi, quer precisar?
- Podem dar o beijinho na boca e siga a festa. E "bolo-rei para todos". Que eu hoje já engoli um inteiro sem mastigar. E soube-me a sapo.
Tiago Mesquita in Expresso
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