sábado, 3 de abril de 2010
O caso dos submarinos
Brian chegara a Portugal há 6 anos e habituara-se progressivamente aos hábitos e maneiras de viver dos habitantes da pequena vilória aonde se fixara, em pleno Alentejo.
Comprara uma quinta bonita, com sobreiros frondosos e um pequeno vale com uma barragem, talvez mais uma albufeira, de onde tirava água para regar alguns campos aonde fazia agricultura biológica. Tinha muito sucesso pois os seus produtos eram facilmente escoados no mercado e Brian ganhava bom dinheiro.
Era respeitado e aprendera a falar um português aceitável o que lhe era suficiente para se fazer entendido e não ter problemas de comunicação.
A sua quinta era frequentada por amigos estrangeiros que o visitavam amiúde mas ninguém na vila sabia quem eram, de onde vinham e o que iam lá fazer.
Mesmo os mais simples fornecedores de serviços do tipo canalizador, carpinteiro ou mesmo o médico eram de fora e por isso permitia-se, na vilória, todo o tipo de especulações.
A propriedade não era longe da vila, mas estava a uma distância suficiente para ser vista mas ter privacidade.
O sino do campanário tocara freneticamente, convocando os fregueses a reunir e dizia-se que a quinta do estrangeiro estava a arder e os populares começaram a dirigir-se para lá a pé acompanhando o velho carro dos bombeiros.
Tinha sido tarde de mais quando deram pelo fogo, pois a casa da quinta deitava labaredas pelas janelas e ardia intensamente.
Os bombeiros começaram a combater o fogo com as mangueiras e uns quantos aproximaram-se da porta principal para a arrombarem, com a intenção de verificar se estava alguém dentro de casa.
Horas depois já no rescaldo do fogo e da casa quase toda calcinada, corria o boato de que o estrangeiro, o Brian, tinha sido encontrado morto com queimaduras muito graves.
Veio a Polícia Judiciária e fizeram-se investigações demoradas sobre as prováveis causas de tão estranho incêndio e infortunada morte e uma palavra corria de boca em boca: o motivo seria o caso dos submarinos!
MNA
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