sexta-feira, 30 de novembro de 2018

INSÓLITO CONVITE SEXUAL

INSÓLITO CONVITE SEXUAL

Hoje, ao sair do meu Clube no Chiado, fui interpelado por um casal estrangeiro muito novo e atraente, que se declararam suecos e me fizeram um convite bizarro:

- somos novos aqui em Lisboa e apreciamos trios com homens mais velhos. Está disposto?

Tudo isto dito com um ar amável e natural como se me perguntassem aonde era a Brasileira.

Não sou de aflições súbitas nem de xeliques e perguntei porquê eu e em segundo lugar se o faziam frequentemente nos países que visitavam.


As respostas vieram sorridentes e directas:


- Gostámos do seu ar (look)


- Na Suécia e sim em todos os países que visitamos, mas somos um casal e a maioria das vezes é entre nós.


Respondi que achava piada ao descaramento e que agradecia a escolha mas que não estava interessado.


E lá segui para o parque para buscar o meu automóvel.


Caros Consócios, se sairdes do Clube agora talvez ainda os encontrem ou não. Terão já descoberto a alma gémea.


Diria o Dr. Salazar: modernices de termos cá tantos estrangeiros sem a mesma educação. Estou a inventar...ahahaah

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

O PENINHA NO GRÉMIO LITERÁRIO



O PENINHA NO GRÉMIO LITERÁRIO

O Peninha já ouvira falar muito do Grémio Literário mas nunca tinha tido a oportunidade de ser convidado para lá ir. Com o lançamento de um livro sobre Reis e Rainhas feito pelo Embaixador Lousa Toscano surgiu essa oportunidade e Peninha leu no convite na internet que a apresentação seria feita por outro Embaixador de nome Freitas da Ponte e ainda de um historiador Perestrelo da Mata.

Tinha encomendado pela net um traje de tirolês e se por um lado pensou que ia ter frio nas pernas, por outro achou-o o mais apropriado possível.

Quando chegou à porta do Grémio o porteiro olhou-o com estranheza mas o Peninha limitou-se a dizer: Reis e Rainhas e ele não teve mais remédio do que lhe indicar a escada que leva à biblioteca aonde o Autor já se encontrava rodeado de muitos admiradores.

Peninha aproximou-se e percebeu que falavam de tudo menos do livro e foi-se sentar na segunda fila pois sempre seria mais discreto.

Entretanto, Peninha, pouco atreito ao meio monárquico e da realeza, não diferenciava uns dos outros e presumiu que na assistência estivessem alguns monarcas e suas esposas. Sentiu-se bem no ambiente e começou a fixar umas caras para depois contar.

O Presidente do grémio iniciou a sessão com algumas palavras de circunstância e passou a palavra ao Embaixador Freitas da Ponte, que começou por se declarar republicano dos sete costados e não perceber o que estava ali a fazer. Falou do 5 de Outubro, citou nomes famosos da I República como o de João Franco e assegurou que achava que em Portugal nunca mais haveria Monarquia como nos outros países citados no livro, pois com o Dr. Costa seu amigo e PM, estava assegurada a manutenção da República. Quis ser amável para o Autor do livro e citou alguns cocktails e jantares em que na vida diplomática foi apresentado a famílias reais, contando até um episódio um pouco íntimo de que a Imperatriz Fariba, em Paris, o tinha convidado para alguns teatros e óperas e que lhe tinha manifestado um entusiasmo afectuoso que achou excessivo. Nesse momento olhou para a Embaixatriz que estava presente e Peninha conseguiu ver que era um olhar de rassurement de fidelidade eterna e de amor cálido e perene.
Terminou não sem palavras de encómio ao Autor e dizendo que do que tinha lido do livro seria de muito interesse para muita gente que ignorava os potins da realeza. Frisou que hoje em dia os príncipes e princesas se casavam “à balda” e pediu desculpa do uso desta palavra, no sentido de que não interessava o sangue azul nem os antepassados. Não soube enumerar as razões deste facto, mas atribuiu; entre outros factores, a sensualidade, a beleza, as contas numeradas em bancos na Suíça e agora no Dubai, no fundo pessoas que alegrassem os ambientes soturnos de palácios bolorentos e sombrios. Acabou dando um viva à República que caiu mal e que não foi seguido por ninguém. Claro estando monarcas na sala seria invulgar que algum deles o acompanhasse. No entanto foi muito aplaudido e o seu discurso muito louvado e com justiça, concluiu Peninha.

Falou depois o historiador Mata e finalmente o Autor dizendo em simples palavras o que o motivara a escrever o livro: para além do aspecto económico, o facto de ter privado com as Famílias Reais como Embaixador de Portugal nesses países.

Todos se levantaram e a sessão terminou. Peninha viu uma dama com um casaco com alamares e logo concluiu – deve ser real- e aproximando-se dela beijou-lhe a mão que ela com dignidade lhe estendeu e quando se curvou disse em vos baixa: - Majestade!

Muita gente nova, Peninha calculou que fossem príncipes solteiros e bons rapazes, alguns falando entre eles com enorme entusiasmo sobre programas de jantares, contando pilhérias e pondo-se em bicha para a assinatura das dedicatórias que o Autor generosamente assinava.

Peninha ainda olhou para os trocos para ver se tinha dinheiro que chegasse, mas era à justa para o metro. Alguém que passou por ele deu-lhe um apalpão nas traseiras tirolesas e Peninha pareceu reconhecer o príncipe da Letónia, de quem se tem falado ultimamente como sendo um trans.

Desceu as escadas com alguma pompa e nisto passa por ele um convidado que lhe diz: - ó seu pavão, que traje ridículo é esse para vir a um lançamento de um livro com categoria e bem escrito e na presença de tanta gente amiga do Autor?

Peninha, envergonhado nem respondeu e saindo para a rua apressou o passo para o metro, e pensava com os seus botões tiroleses – está visto que não pertenço a este meio!

Chegando a casa tomou um duche quente pois estava resfriado e deitou-se cedo abrindo a televisão.

Surge-lhe no ecrán o Martins e Costa, o Jerónimo Martins e a Catarina Furtado. Concluiu o dia com a convicção de que era com estes com quem se dava bem, e adormeceu.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

O PRESENTE DE CASAMENTO





O PRESENTE DE CASAMENTO

Vai ser este o presente de casamento que vou dar à Mariana.

São mascarilhas de esmalte que tapam a cara de uma dama. Os olhos são dois brilhantes. Compõe-se de um anel, de um broche e de brincos em brilhantes e diamantes.

Já está na minha família há várias gerações e eu herdei-as e acho que a Mariana as vai usar em bailes em Singapura….imaginem se ainda há disto nessas paragens! Se vier viver para Londres já há mais hipótese de as pôr em alguma festa dada pela prima Lilibeth ou mesmo cá em Portugal em soirées na Parada…

Um meu Trisavô teve uma paixão por uma Dama da corte que era casada e muito conhecida. Os amores continuaram e ele lembrou-se de lhe dar de presente este conjunto com as mascarilhas. Acontece que já mais velha e viúva e sempre com grande ternura pelo meu Trisavô, devolveu-as para que fosse na família dele que elas fossem passadas de geração em geração. E cá estou eu a passá-las para mais uma geração.

Ainda pensei pô-las no prego e com o dinheiro comprar mais uns terrenos no Senhor Roubado…há por lá uma quinta de 75ha com vinha e água, e em troca daria umas destas jóias que brilham muito compradas no chinês, mas a minha consciência foi mais sensata do que a minha cupidez….ahaahhah