Meu Caríssimo Luís
Bernardo,
Há já algum tempo que não
te escrevo. Tenho andado sem vontade de encontrar espaço na minha vida para
desligar do stress, o que sei que é mau, pois pode tornar-se numa espécie de obsessão
do negativo e do cinzento.
Hoje, Domingo, está um
dia “assim assim”, como tempo. Não chove, está claro e pode-se sair com uma
temperatura amena.
É o que vou fazer quando
te acabar de escrever. Tenho umas voltas a dar pela Fnac e Bertrand pois saíram
novos livros que cobiço. Parecem-me interessantes e por isso nada melhor do que
folheá-los com vagareza e ler algumas páginas ao acaso para suscitar a vontade
de comprá-los.
Estou a ouvir no meu
iPhone, óptima música: hoje escolhi só clássica. Chama-se o álbum (em três ricas
e completas gravações): "the most relaxing classical music ever"…um deleite para
os sentidos!
Quando se tem medos na
cabeça, não há espaço para os sonhos e eu tenho-os. Somente, algum cansaço das
gentes e do mundo.
Que bom deve ser depois,
seja o que for que nos espera.
Quando se teve a sorte de
ter Pais, Avós e Bisavós, que eu conheci bem, que nos amaram e nos
proporcionaram uma infância equilibrada, estável e feliz, não podes deixar de
sentir nostalgia desses tempos.
Vai falhando a harmonia
no nosso mundo e só com um grande esforço consegues “retirar-te” para oásis de
paz e tranquilidade aonde te esqueces da dor e sofrimento. Vida difícil esta,
mas confesso-te que não me queixo demais, nem quero parecer um eterno
negativista.
Sabes, o que sinto é uma
sensação átona, abúlica, neutra do spleen do Eça. Nem para sim nem para não.
Como conseguem algumas
pessoas virem com discursos felicitosos, delicodôces querendo contrariar-me
dizendo que tenha confiança em Deus, que reze, que me entregue…mas o que tem
isso tudo a ver com a realidade. Irrita-me essa imbecilidade beatífica de achar
que Deus tem agora que pensar em resolver-me um negócio que discuto amanhã com
um parceiro brasileiro ou chinês.
Nem sequer ajuda o PM e
VPM de Portugal, ( não me apetece escrever-lhes os nomes nem os cargos) que têm
bem mais responsabilidades do que eu e abrangem tanta mais gente em sofrimento,
o que seria se fosse contar com a expertise divina para tratar dos meus
assuntos.
Falta de fé, dirão uns, e
eu respondo: falta de caco, em misturarem coisas.
O Papa Francisco sabe
muito bem a destrinça. É fantástico ver como um Homem, de repente, pode ter
tanta influência moral e espiritual no mundo e em cada um de nós. Em mim, pelo menos.
Mandaram-me um e-mail
assustador de 10 coisas, para já, que são a lista negra dos anti-papa!
Inconcebível e com
ameaças veladas de lhe fazerem mal, pois dizem que está a destruir a Igreja. Fiquei aterrorizado e muito
preocupado.
Como sempre os do
costume: os instalados e os que não querem perder os seus direitos e regalias e
que ignoram do alto da sua pompa e circunstância o que é a missão da Igreja e o
mais importante fóra dos muros do Vaticano!
Faria uma cruzada contra
estes, daria o que fosse preciso para varrê-los do círculo do poder, para
eliminá-los e evitar que façam mal ao Papa. Juro!
Isto sim é a minha Fé a
rebrilhar, a acreditar numa Igreja voltada para o essencial e sobretudo com um
rosto humano. Este sorriso do Papa é tão arrebatador e tão verdadeiro.
Por hoje é tudo, Luís
Bernardo, foi-me saindo ao sabor das palavras. Sinto-me melhor!
Um grande e amigo abraço
do teu primo que muito te estima
Manuel
Mais uma das suas cartas de que gosto tanto...
ResponderEliminar...esta, tem um sabor especial... esse sabor do correr da pena, sentido no "desabafo", no apelo, na partilha a que dou tanta importância...e, decididamente gosto do estilo, da forma simples mas bem elaborada com que a escreve e do que nos transmite através delas!...
Gosto de cartas... do muito que se pode dizer de nós, dos outros, do que nos cerca e do que sentimos e reflectimos quando nos dirigimos a outro, sobretudo se sentimos e manifestamos por esse outro grande afecto... e lembrei-me de um livro, da Guerra e paz, cuja primeira edição é de 2006 que contém a correspondência entre Sophia de mello Breyner e Jorge de sena entre 1959 (por acaso o não em que nasci...) e 1978... tem textos inéditos resultado do trabalho de pesquisa efectuado por Maria Andresen Sousa Tavares. Uma delícia!
Beijinho cheio de carinho,
Sempre,
Isabel
é um dos grandes consolos que ainda nos assiste,podermos abrir a alma a alguém que nos conforta e nos conhece sem que daí advenha nem críticas nem juízos ! Inventemos todos um Luís Bernardo talvez assim aliviássemos as nossas costas de medos rancores inseguranças e algum amor mal amado ! Seríamos mais felizes sem duvida ! Bem haja e continue mesmo que seja só "Mais ou Menos"
ResponderEliminarPois é Isabel e Senhor Anónimo, o Luìs Bernardo é um bom esteio e apoio nas noites de inquietação, nas sombras da minha vida, o poder ainda contar com ele, já é uma sorte.
ResponderEliminarAcho que haverá tanta gente a quem custa saltar ao pé-cochinho de um sítio para outro, pois nem forças têm para se reinventarem.
O Mais ou Menos porque optei no nome, e como explico algures, é de facto que somos todos: uns dias mais outros menos...e de quê? De bondade, de paz e aceitação das nossas limitações e também de menos conformidade com o Bem. Será que alguma vez estreitarei nos meus braços o meu primo?
depende da sua Fé , Mais ou Menos !
ResponderEliminare se ele ainda lá estiver...parece que há umas viagens low cost a planetas mas que levam milhões de anos...mais o que se fica lá a visitar e a descansar...se toda a gente se põe a sirandar...nunca mais o encontro! Ao menos daqui vou tenso portadores para as cartas...enfim, logo veremos:-)
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