domingo, 20 de outubro de 2013

A lista negra contra o Papa Francisco


Meu Caríssimo Luís Bernardo,

Há já algum tempo que não te escrevo. Tenho andado sem vontade de encontrar espaço na minha vida para desligar do stress, o que sei que é mau, pois pode tornar-se numa espécie de obsessão do negativo e do cinzento.

Hoje, Domingo, está um dia “assim assim”, como tempo. Não chove, está claro e pode-se sair com uma temperatura amena.

É o que vou fazer quando te acabar de escrever. Tenho umas voltas a dar pela Fnac e Bertrand pois saíram novos livros que cobiço. Parecem-me interessantes e por isso nada melhor do que folheá-los com vagareza e ler algumas páginas ao acaso para suscitar a vontade de comprá-los.

Estou a ouvir no meu iPhone, óptima música: hoje escolhi só clássica. Chama-se o álbum (em três ricas e completas gravações): "the most relaxing classical music ever"…um deleite para os sentidos!

Quando se tem medos na cabeça, não há espaço para os sonhos e eu tenho-os. Somente, algum cansaço das gentes e do mundo.

Que bom deve ser depois, seja o que for que nos espera.

Quando se teve a sorte de ter Pais, Avós e Bisavós, que eu conheci bem, que nos amaram e nos proporcionaram uma infância equilibrada, estável e feliz, não podes deixar de sentir nostalgia desses tempos.

Vai falhando a harmonia no nosso mundo e só com um grande esforço consegues “retirar-te” para oásis de paz e tranquilidade aonde te esqueces da dor e sofrimento. Vida difícil esta, mas confesso-te que não me queixo demais, nem quero parecer um eterno negativista.

Sabes, o que sinto é uma sensação átona, abúlica, neutra do spleen do Eça. Nem para sim nem para não. 

Como conseguem algumas pessoas virem com discursos felicitosos, delicodôces querendo contrariar-me dizendo que tenha confiança em Deus, que reze, que me entregue…mas o que tem isso tudo a ver com a realidade. Irrita-me essa imbecilidade beatífica de achar que Deus tem agora que pensar em resolver-me um negócio que discuto amanhã com um parceiro brasileiro ou chinês.

Nem sequer ajuda o PM e VPM de Portugal, ( não me apetece escrever-lhes os nomes nem os cargos) que têm bem mais responsabilidades do que eu e abrangem tanta mais gente em sofrimento, o que seria se fosse contar com a expertise divina para tratar dos meus assuntos.

Falta de fé, dirão uns, e eu respondo: falta de caco, em misturarem coisas.

O Papa Francisco sabe muito bem a destrinça. É fantástico ver como um Homem, de repente, pode ter tanta influência moral e espiritual no mundo e em cada um de nós. Em mim, pelo menos.

Mandaram-me um e-mail assustador de 10 coisas, para já, que são a lista negra dos anti-papa!

Inconcebível e com ameaças veladas de lhe fazerem mal, pois dizem que está a destruir a Igreja. Fiquei aterrorizado e muito preocupado.

Como sempre os do costume: os instalados e os que não querem perder os seus direitos e regalias e que ignoram do alto da sua pompa e circunstância o que é a missão da Igreja e o mais importante fóra dos muros do Vaticano!

Faria uma cruzada contra estes, daria o que fosse preciso para varrê-los do círculo do poder, para eliminá-los e evitar que façam mal ao Papa. Juro!

Isto sim é a minha Fé a rebrilhar, a acreditar numa Igreja voltada para o essencial e sobretudo com um rosto humano. Este sorriso do Papa é tão arrebatador e tão verdadeiro.

Por hoje é tudo, Luís Bernardo, foi-me saindo ao sabor das palavras. Sinto-me melhor!

Um grande e amigo abraço do teu primo que muito te estima

Manuel


5 comentários:

  1. Mais uma das suas cartas de que gosto tanto...
    ...esta, tem um sabor especial... esse sabor do correr da pena, sentido no "desabafo", no apelo, na partilha a que dou tanta importância...e, decididamente gosto do estilo, da forma simples mas bem elaborada com que a escreve e do que nos transmite através delas!...
    Gosto de cartas... do muito que se pode dizer de nós, dos outros, do que nos cerca e do que sentimos e reflectimos quando nos dirigimos a outro, sobretudo se sentimos e manifestamos por esse outro grande afecto... e lembrei-me de um livro, da Guerra e paz, cuja primeira edição é de 2006 que contém a correspondência entre Sophia de mello Breyner e Jorge de sena entre 1959 (por acaso o não em que nasci...) e 1978... tem textos inéditos resultado do trabalho de pesquisa efectuado por Maria Andresen Sousa Tavares. Uma delícia!
    Beijinho cheio de carinho,
    Sempre,
    Isabel

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  2. é um dos grandes consolos que ainda nos assiste,podermos abrir a alma a alguém que nos conforta e nos conhece sem que daí advenha nem críticas nem juízos ! Inventemos todos um Luís Bernardo talvez assim aliviássemos as nossas costas de medos rancores inseguranças e algum amor mal amado ! Seríamos mais felizes sem duvida ! Bem haja e continue mesmo que seja só "Mais ou Menos"

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  3. Pois é Isabel e Senhor Anónimo, o Luìs Bernardo é um bom esteio e apoio nas noites de inquietação, nas sombras da minha vida, o poder ainda contar com ele, já é uma sorte.

    Acho que haverá tanta gente a quem custa saltar ao pé-cochinho de um sítio para outro, pois nem forças têm para se reinventarem.

    O Mais ou Menos porque optei no nome, e como explico algures, é de facto que somos todos: uns dias mais outros menos...e de quê? De bondade, de paz e aceitação das nossas limitações e também de menos conformidade com o Bem. Será que alguma vez estreitarei nos meus braços o meu primo?

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  4. depende da sua Fé , Mais ou Menos !


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  5. e se ele ainda lá estiver...parece que há umas viagens low cost a planetas mas que levam milhões de anos...mais o que se fica lá a visitar e a descansar...se toda a gente se põe a sirandar...nunca mais o encontro! Ao menos daqui vou tenso portadores para as cartas...enfim, logo veremos:-)

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