Fui aos correios (os tais que vão ser privatizados) e como todos dias no
meu apartado postal, vejo se tenho cartas. A cada mês pago a minha
conta religiosamente na Fnac e por transferência bancária on-line.
No
aviso de pagamento que costumo receber uns 8 dias antes da data e
neste caso também e simultâneamente da
hora limite para ser por Multibanco ou transferência bancária, tenho o
maior cuidado em cumprir pois em caso de esquecimento ou falhanço, vai
directo para débito de uma conta bancária que encerrei e que tem zero de
saldo. Sabe-se lá porquê, tendo sido esta a conta original para débito, não
posso mudar! Mas o que interessa é que eu NÃO quero que vá a débito.
Fui perguntando nos CTT nos 8 dias anteriores ao fim do mês se não estaria
perdida nos "fundos" da reexpedição, mas com um ar seguro e rápido
diziam-me que não, apesar de explicar por que razão eu precisava da referida
carta.
Devo confessar que sou conhecido na estação dos correios
há anos porque sendo, Cônsul-Geral de um país estrangeiro, Advogado,
etc...tenho despesas anuais de manutenção do Apartado Postal
verdadeiramente abusivos: o aluguel do Apartado, o custo da reexpedição
da correspondência em meu próprio nome para o meu Apartado
postal....pois apesar dos meus protestos anuais pago por isto cerca de €
120,00!!!!
Telefonei para a Fnac já depois do mês vencido e
anunciaram-me que tinha sido enviado para débito da tal dita conta sem
saldo, vencendo por isso, juros devedores.
Chegou-me às mãos a referida
carta no dia 5 do mês seguinte, com um carimbo interno de recebimento
pela estação de dia 19 do mês anterior bem como com data do depósito no meu
Apartado no referido dia 5 do mês seguinte!
Portanto, juros
devedores, incumprimento e disto apresentei provas ao Chefe da Estação
que ficou cinzento e que solícito me indicou um formulário chapa 3 para
reclamações que eu preenchi e aonde isto tudo expliquei. Disse-me para
eu guardar o envelope, o que fiz!
Recebo uma semana depois uma
carta dos CTT em resposta à minha reclamação dizendo que tinha sido tudo
investigado e que eu não tinha razão.
Tenho um furor interno
dos antigos Noronhas que nestas situações sobe desde as entranhas até
aos olhos, produzindo faíscas que magoam....
Voltei, com o furor controlado e com serenidade chamei o Chefe da Estação a quem estendi a carta, sem palavras!
Disse-me com uma voz muito atrapalhada que protestasse e que juntasse a carta, prova indiscutível da negligência dos CTT.
Claro que vai em torpedo para a Administração.
Não desejo mais do que a satisfação do que me compete receber: o reembolso dos juros devedores e um pedido de desculpas!
Privatização? Vão encontrar um ninho de víboras burocráticas, com
hábitos arreigados de lentidão, pouca modernidade e acresce que com a
internet, cada vez recebo menos cartas de amor!
Tudo ao contrário neste País!
Só ao estalo! Ando outra vez com saudades de pancadaria. Depois de 20 anos a seco, há cá uma vontadinha!!!!
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
domingo, 20 de outubro de 2013
A lista negra contra o Papa Francisco
Meu Caríssimo Luís
Bernardo,
Há já algum tempo que não
te escrevo. Tenho andado sem vontade de encontrar espaço na minha vida para
desligar do stress, o que sei que é mau, pois pode tornar-se numa espécie de obsessão
do negativo e do cinzento.
Hoje, Domingo, está um
dia “assim assim”, como tempo. Não chove, está claro e pode-se sair com uma
temperatura amena.
É o que vou fazer quando
te acabar de escrever. Tenho umas voltas a dar pela Fnac e Bertrand pois saíram
novos livros que cobiço. Parecem-me interessantes e por isso nada melhor do que
folheá-los com vagareza e ler algumas páginas ao acaso para suscitar a vontade
de comprá-los.
Estou a ouvir no meu
iPhone, óptima música: hoje escolhi só clássica. Chama-se o álbum (em três ricas
e completas gravações): "the most relaxing classical music ever"…um deleite para
os sentidos!
Quando se tem medos na
cabeça, não há espaço para os sonhos e eu tenho-os. Somente, algum cansaço das
gentes e do mundo.
Que bom deve ser depois,
seja o que for que nos espera.
Quando se teve a sorte de
ter Pais, Avós e Bisavós, que eu conheci bem, que nos amaram e nos
proporcionaram uma infância equilibrada, estável e feliz, não podes deixar de
sentir nostalgia desses tempos.
Vai falhando a harmonia
no nosso mundo e só com um grande esforço consegues “retirar-te” para oásis de
paz e tranquilidade aonde te esqueces da dor e sofrimento. Vida difícil esta,
mas confesso-te que não me queixo demais, nem quero parecer um eterno
negativista.
Sabes, o que sinto é uma
sensação átona, abúlica, neutra do spleen do Eça. Nem para sim nem para não.
Como conseguem algumas
pessoas virem com discursos felicitosos, delicodôces querendo contrariar-me
dizendo que tenha confiança em Deus, que reze, que me entregue…mas o que tem
isso tudo a ver com a realidade. Irrita-me essa imbecilidade beatífica de achar
que Deus tem agora que pensar em resolver-me um negócio que discuto amanhã com
um parceiro brasileiro ou chinês.
Nem sequer ajuda o PM e
VPM de Portugal, ( não me apetece escrever-lhes os nomes nem os cargos) que têm
bem mais responsabilidades do que eu e abrangem tanta mais gente em sofrimento,
o que seria se fosse contar com a expertise divina para tratar dos meus
assuntos.
Falta de fé, dirão uns, e
eu respondo: falta de caco, em misturarem coisas.
O Papa Francisco sabe
muito bem a destrinça. É fantástico ver como um Homem, de repente, pode ter
tanta influência moral e espiritual no mundo e em cada um de nós. Em mim, pelo menos.
Mandaram-me um e-mail
assustador de 10 coisas, para já, que são a lista negra dos anti-papa!
Inconcebível e com
ameaças veladas de lhe fazerem mal, pois dizem que está a destruir a Igreja. Fiquei aterrorizado e muito
preocupado.
Como sempre os do
costume: os instalados e os que não querem perder os seus direitos e regalias e
que ignoram do alto da sua pompa e circunstância o que é a missão da Igreja e o
mais importante fóra dos muros do Vaticano!
Faria uma cruzada contra
estes, daria o que fosse preciso para varrê-los do círculo do poder, para
eliminá-los e evitar que façam mal ao Papa. Juro!
Isto sim é a minha Fé a
rebrilhar, a acreditar numa Igreja voltada para o essencial e sobretudo com um
rosto humano. Este sorriso do Papa é tão arrebatador e tão verdadeiro.
Por hoje é tudo, Luís
Bernardo, foi-me saindo ao sabor das palavras. Sinto-me melhor!
Um grande e amigo abraço
do teu primo que muito te estima
Manuel
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
O cancro do Manuel Forjaz
Li hoje no facebook este
texto do Manuel Forjaz. Nem sempre estou de acordo com ele, mas se pensar bem o
que às vezes me irrita no seu estilo, esboroa-se perante um testemunho como o
deste que aqui transcrevo. Foi como um murro no estômago.
Que eu saiba não tenho
nada do que ele tem, mas senti-me chocado pela minha e nossa distracção em
relação à vida, às horas e aos minutos “despreocupados” que nos vão sendo
dados, e a este ritmo de rotinas balôfas e sem esforço de mudança que acontece
a uma grande maioria de todos nós.
Todos temos nas nossas
vidas “doenças” físicas e morais, umas mais graves do que outras, umas causando
mais “dores” do que outras, mas este é um texto danado, que se não causar em
cada um de nós um arrepio, é porque estamos já “mortos”!
Quote
...dia
de molhanga hoje, e grande conversa com o meu médico (um dos que me segue) que
adoro (síndrome de Estocolmo - ;.) )...
...falámos do prognóstico e de tempo de vida;
...falámos do prognóstico e de tempo de vida;
...eu nunca perguntei a nenhum médico quanto tempo de vida tenho; a razão é simples, sem bens nem rendimentos, não saberia o que fazer com essa informação, a não ser tirar fotocópias e arrumar papéis; coisa que nunca faria se tivesse duas semanas de vida;
...a ética/deontologia/ escola médicas obrigam o médico à verdade, conceito não absoluto, logo porque pode ser contar tudo ou não dizer mentiras; mas acho estranho que alguém faça a pergunta e mais estranho ainda que o médico dê essa informação por várias razões:
=> não acredito que seja a regra, mas não existirão alguns muito poucos médicos que baixam a esperança de vida para parecerem génios na gestão da doença?
=> além da classe modal, cujas estatísticas estão disponíveis online, só acontecem excepções; quantas vezes não ouvimos alguém que tinha 6 meses durar cinco anos? Na vastíssima maioria dos casos o doente ultrapassa o tempo comunicado; 50% dos cancristas de pulmão morre no primeiro ano; porque normalmente este cancro é insidioso e uando o pciente chega ao hospital já está todo roto; eu já cá vou a caminho dos 5 anos....graças a Deus só soube desta estatística há pouco...
=> a fixação de um prazo de validade retira energia e motivação para o aproveitamento do tempo de vida; ou seja o tempo da morte é trabalho do médico e da medicina, o tempo da vida é do cancrista; eu não preciso de saber quanto tempo vou viver, porque alterarei a minha vida em função do meu prazo; à partida eu calculo que não viverei tanto como os outros, mas cada dia meu tem e deve ser igual a todos os outros, até ao último;
=> A teoria dos bucket lists, popularizada por um lindíssimo filme de Morgan Freeman e Jack Nicholson; tive a graça de viver o meu bucket list desde a minha adolescência, e da maioria das coisas que queria fazer na vida já as ter feito; além disso a maioria das coisas que agora me faz feliz e me energizam não custam dinheiro; mas não as aproveitarei da mesma maneira com um prazo;
Se eu tivesse dinheiro e tivesse vivido uma outra vida, não quereria aproveitar o tempo que me sobra para subir o Himalaia ou uns gang bangs em Las Vegas? Dont think so; até porque não saberia como as poderia aproveitar com o cutelo em cima da cabeça; se alguém tem cancro, não faz a pergunta e se puder e tiver recursos, corra para o seu bucket list, seja essa a opção sem necessidade de saber que são 4 semanas ou 6 meses;
=> certo que certas coisas poderão ficar melhor arrumadas e não deixadas ao descuido, como a educação dos filhos, a questão patrimonial para quem o tenha, o testamento espiritual, os nossos objectos pessoais, etc etc; mas tudo isso pode ser tratado já, sem saberem esse errado prazo!
Portantos:
1 - Não perguntem nunca qual o vosso prazo de validade;
2 - Peçam ao vosso médico para não o dizer;
3 - Organizem-se e bucketizem o que quiserem, já; não como se tivesse medo de não viver para sempre, mas porque isso vos poderá tranquilizar e energizar;
4 - Não leiam as estatísticas, por causa do frango;
5 - Quando alguém vier dramaticamente vos dizer que têm x semanas ou meses, digam-lhes que é mentira, porque eu disse que era mentira e que o prazo será maior; acertarei em mais de 90% dos casos!! nos casos em que falhar faltará decidir para quem vai a cómoda da Tia Mariazinha, o que não é muito grave...
Esqueçam este assunto. o segredo é sempre o mesmo, poderemos morrer da doença, mas a doença numa nos matará, porque viveremos todos os dias como se não a tivéssemos, como se ela não fosse um assunto! (minimizando a dor e desconforto, tentando todas as terapias, rodeando-nos de pessoas boa onda, replicando e repetindo os cassos de sucessos, etc etc etc...)
Unquote
domingo, 6 de outubro de 2013
O amor nunca morre de morte natural.
O
amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque nós não sabemos
como renovar a sua fonte. Morre de cegueira e dos erros e das traições .
Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da
falta de brilho.
Anaïs Nin
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