terça-feira, 27 de agosto de 2013
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Se sou amado
Se
sou amado, quanto mais amado mais correspondo ao amor. Se sou
esquecido, devo esquecer também, pois o amor é feito espelho: tem que
ter reflexo.
Pablo Neruda
o teste do lenço encarnado
Quando conheço de novo
alguém, amiga ou amigo putativos, faço um teste maldoso com vista à catalogação
nos escaninhos da consideração. Cabe lá tudo, mas é sempre importante saber com
quem se lida, no campo intelectual, neste caso.
Proponho um passeio no
meu carro e a/o candidata/o senta-se no banco da frente e a conversa surge
naturalmente. “Vareia” de pessoa para pessoa, e tenho um esquema pré-combinado,
com uma empregada de balcão do Sr. Alberto, merceeiro de bairro, frequentado durante
muitos anos pela minha Mãe em vida e que é o seguinte:
- a pequena que não é mal
de todo, quero dizer não é um monstro, tem umas carnes roliças e chama a
atenção pelos “alvos peitos branqueando” como diria o Poeta, põe ao pescoço um
lenço encarnado vivo e posta-se na ponta do passeio;
- só um cego é que não a
vê, mas por nada de especial, só porque está ali, é um ser humano e tem….aqui é a
base do teste o dito lenço encarnado vivo, qual écharpe ao vento, ao pescoço;
Passo devagarzinho,
arrefeço a conversa e ponho-me a olhar para um lado e o outro como se
procurasse alguma coisa em especial.
Depois arranco, com fúria
e gula de saber o resultado do teste.
Pergunto em ar de nada: -
Viste a rapariga de lenço encarnado?
Um sim ou um não, ditam o
escaninho para aonde vão.
Tenho um pequeno CD que a
seguir ponho no respectivo leitor e cuja gravação pretende ser um alerta da polícia chamando a
atenção para quem tenha visto uma rapariga de lenço encarnado ao pescoço que rapidamente
se ponha em contacto, pois acabara de assaltar um banco.
Tenho tido enormes
surpresas, umas muito agradáveis outras decepcionantes, por isso, já sabem,
quando vos oferecer um passeio por uma área de Lisboa…também não posso dizer
tudo, carambolas, “faites vos jeux messieurs/dames”…aahaha
Tão mais interessante
olhar para o invulgar da vida, mas com olhos de ver!
« Le monde appelle fous, ceux qui ne sont pas fous de la folie
commune. »
Madame Roland
Madame Roland
domingo, 25 de agosto de 2013
Hoje dói-me pensar
Hoje dói-me pensar,
dói-me a mão com que escrevo,
dói-me a palavra que ontem disse
e também a que não disse,
dói-me o mundo.
Roberto Juarroz
sábado, 24 de agosto de 2013
On peut tout te prendre
On
peut tout te prendre; tes biens, tes plus belles années, l’ensemble de
tes joies, et l’ensemble de tes mérites, jusqu’à ta dernière chemise -il
te restera toujours tes rêves pour réinventer le monde que l’on t’a
confisqué.
Yasmina Khadra
Yasmina Khadra
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Há sempre um momento em que a porta se abre
A vida também tem uma porta. É a porta do sentido. Muitas vezes, parece fechada.
É por isso que nos distraímos. É por isso que deixamos de olhar para ela.
Acontece que há sempre um momento em que a porta se abre. Não por muito tempo, é certo.
Daí que seja fundamental estar atento. Porque só entra pela porta quem observa a porta abrir-se.
A chave que a abre tem um nome: persistência!
João Teixeiraquarta-feira, 21 de agosto de 2013
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Como eu gostava que assim fosse sempre...
Não estamos perto só de quem está próximo.
Sofocleto, em plena antiguidade, dizia: «Os parentes distantes vivem sempre perto demais».
Os laços de sangue cativam-nos para sempre. A amizade liga-nos além do tempo e para lá do espaço.
Há laços que sobrevivem a todos os tempos. E semeiam pontes entre todos os espaços.
Há encontros que dispensam palavras.
Há encontros que voam de alma para alma, de vida para vida!
João Teixeira
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
delicodôce
Às vezes eu penso que
tudo tem limites.
Frases bonitas sobre a caridade, paciência e bondade que se
deve ter, amar o próximo como a nós mesmos…bem se eu o fizesse assim, seria
odiar-me, não provocar, não chocar os mais velhos, no fundo deixar correr…e fazer
figura de parvo e de tudo aceitar.
Porquê? Aonde está
escrito que é positivo, que faz bem, que é justo? Mas que critérios são esses
que defendem quem no fundo abusa e ainda por cima tem que ser tolerado?
Quando há que dizer as
coisas, que se digam! Pouco importa se nos apelidam de termos mau-feitio, menos
tolerância, menos isto e aquilo…
A ideia que eu tenho é a
de que se estão perdendo “beau gestes” para o ar…ou seja, por uns momentos
alguém, sem saber, ganha com o sofrimento de um terceiro injustiçado, mas em
efeitos práticos é só uma construção teórica do bem, que não se materializa em
nada…é uma ausência da boa e aberta discussão sobre o mérito de saber quem tem
razão.
Há uma eterna cobardia de
enfrentar as coisas e de as chamar pelos nomes, mesmo que cause, temporariamente
– deseja-se – divisão, afastamento ou zanga, mas paciência. Como se dizia lá em
casa, não há pior do que arcas encoiradas, cheias de coisas que cheiram a mofo,
mas que são intocáveis de geração em geração e que não saiem para fora nem se usam...
Vem isto a propósito da
política, das relações familiares, das amizades…aplica-se a um largo espectro
de situações.
Hei-de morrer com a fama
de truculento, mas não me apetece ceder em atitudes delicodôces só para não
incomodar…
É como o outro: fulano
que faz o favor de ser meu amigo…qual quê! Ou é ou não é, não há cá favores…
Enfim, hoje estou
irritado e por isso vou beber uma caipirinha…dizem que tem efeitos sedativos do
melhor!
Claridades
Claro que algum Deus existe
como é tão claro que não!
Claro que há vida para alem de nós
ou claro que não!
Claro que não há fim ao morrer
como é tão claro não voltar a nascer!
É tudo tão claro
que não sei porque não se vê
em tanta claridade
a resposta para tanto porquê!
Oliveira Gomes
Papel Vegetal
Papel Vegetal
A pele é como casca
vai se gastando
até que rasga
Cansada
teima em não deixar
os rios de rugas
fluir na cara
A pele
é papel vegetal
encorrilha
a cada tormenta
ou encruzilhada
como tecido puro
que há-de deixar
de ser bonito
A pele
razão de tanta inquietação
é só a fronteira
para as terras eternas
do coração
Oliveira Gomes
Três desejos
E o segundo foi o de diminuir a barriga da cerveja, o que foi feito de imediato, pois o Presidente da Unicer foi para Ministro da Economia e a fábrica fechou e deixou de vender cerveja.
E o terceiro foi o de lhes permitir que ao serem felizes, podiam não estar juntos.
E o terceiro foi o de lhes permitir que ao serem felizes, podiam não estar juntos.
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Há um certo gosto em pensar sózinho
Há um certo gosto em pensar sózinho.
É um acto individual, como nascer e morrer.
Carlos Drummond de Andrade
É um acto individual, como nascer e morrer.
Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
De Manuel Forjaz, com um cancro e com uma força de viver imensa ao fazer 50 anos
...gostaria de pensar que nunca me enganei;
...gostaria de pensar que nunca fiz mal a ninguém;
...gostaria de pensar que estive sempre activo e atento ao outro;
...gostaria de pensar que nunca parei de aprender;
...gostaria de pensar que amei o suficiente;
...gostaria de pensar que estive sempre lá quando precisaram de mim;
...gostaria de pensar que entendi o mundo e as pessoas na maioria das vezes;
...gostaria de pensar que vivi sempre com raça;
...gostaria de pensar que pensei o suficiente;
...gostaria de pensar que ri e chorei o suficiente;
...gostaria de pensar que trabalhei sempre muito;
...gostaria de pensar que disse sempre a verdade;
...gostaria de pensar que me experimentei o suficiente na procura do meu caminho;
...gostaria de pensar que perdi e ganhei o suficiente;
...gostaria de pensar que fui paciente, sábio e tolerante na maioria dos meu contactos com outros;
...gostaria de pensar que fiz o suficiente;
...gostaria de pensar que vivi o suficiente;
...gostaria de ter pensado entregar todo o pouco que tenho e tudo recomeçado de novo;
mas aí, provavelmente seria obrigado a pensar e dizer
"Confesso que não vivi!"
Manuel Forjaz
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
E estamos nisto aqui pelo burgo e país.
Fui ver os pássaros logo
de manhãzinha e fixei-me num rouxinol que trinava os bons dias. Os gestos com
que meneava a cabeça, o equilíbrio do corpo com os movimentos tudo me fez
maravilhar com a observação do mistério da natureza.
Depois o meu olhar pousou
sobre um lagarto que pachorrentamente gozava do sol da manhã, andando para
baixo e para cima numa parede, numa folha maior, no chão. Novamente tudo me
encantou pelo inesperado desta descoberta de seres que povoam o nosso ambiente,
seguramente, muito mais equilibrados do que os humanos que se danam com swaps e
quejandos.
Que pena, pensei, que
tanta gente e todos os dias, cumpra uma rotina, sem encanto e sem compensação
material e moral, como se fosse um fado que se tivesse que cumprir sem dele se
poder desviar.
E estamos nisto aqui pelo burgo e país.
Férias
O lazer de uma noite de
Verão não tem igual. Um céu estrelado, o silêncio quase completo aqui e ali
quebrado pelos sons dos animais noctívagos, uma leveza de espírito, o
esquecimento das preocupações e o desligar da pressão do dia-a-dia, eis o que é
o princípio basilar da definição de férias.
Eu levo alguns dias a
desconectar e a adquirir como que um relaxe completo, mas é imperioso que se
faça pelo menos uma vez por ano durante um período generoso de dias, a
benefício da sanidade mental nossa e dos que nos rodeiam.
No fundo, é uma reacção
orgânica e visceral: o corpo pede e merece e os loucos que o não fazem por
qualquer razão estão a ser irracionais.
Por isso, com bom ou mau
tempo, com mais ou menos calor, com dinheiro ou sem ele, há que saber parar.
Subscrever:
Mensagens (Atom)