quinta-feira, 5 de março de 2020
Instantâneo 2
À espera do médico em S.José para a consulta é irresistível não ter conversas com as pessoas simples que aguardam cama para entrarem e ser operadas, os seus familiares, etc
Perguntam-me com ares trágicos e com medo, coitados, contam-me os seus males e eu quando vejo que vão ter um final de sucesso ( operação à próstata sem cancro e ligeiras intervenções) brinco com eles e pergunto se não vão ter saudades de brincar aos pais e às mães😊 O de hoje, pelos 64 segundo ele, respondeu-me que já nem lhe passa pela cabeça e punha um dedo na testa careca.
Gargalhada geral incluindo uma esposa desdentada.
Quando vinha pela rua do Garcia, há logo ali à direita da porta do S.José uma pastelaria óptima aonde vão todos os médicos. Fui tomar um café e comi uma rosca óptima e grande do tipo arrufada, que normalmente é má para o colesterol, mas por isso está perto do Hospital!
No meio do bruahah das conversas diz o empregado para o patrão: a dona Deolinda está a ir agora para o cemitério. E continuou a servir os clientes. A vida continua. Quando ouvirem dizer o mesmo sobre o Nelo, sou eu.
Dêem umas migalhas aos pombos do Rossio, estupores que cagam tudo.
Instantâneo 1
O meu médico urologista também dá consulta em S.José. Deu-lhe jeito que eu lhe fosse mostrar as últimas análises no intervalo da consulta. Mete sempre conversa sobre tudo pois ele é um dos meus leitores. Estava tudo bem. Saí e vim a pé até ao Rossio pela Calçada do Garcia ( calculei que fosse o Vice-Rei Dom Garcia de Noronha meu directo antepassado ou quiçá um moço galego a quem o bairro prestava homenagem pela sua vida abnegada ao serviço dos moradores) e eu inclino-me mais para a segunda hipótese. Ambos serviram o povo português à sua maneira.
Vim dar ao Rossio aonde vou sempre engraxar os meus sapatos a um amigo engraxador, culto e com quem converso o tempo todo. Turistas de várias nacionalidades param a olhar e eu explico-lhes que para além da amizade que há entre nós, ele trabalha com qualidade e dignidade na sua profissão e eu fico com os sapatos que nem um espelho a brilhar. E tantas outras histórias que andar em Lisboa a pé se podem observar.
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