terça-feira, 31 de agosto de 2010

Desencanto





Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E neste versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

-Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Revolta das Jumentas


Quem primeiro inventou greve
Aqui em cima do chão
Foi um lote de jumentas
Até com certa razão
É que Deus tava criando
Seus animais e soltando
Uns com urro, outros com berro
E por muito ter trabalhado
Sentiu-se um pouco cansado
Porque ninguém é de ferro.

Deus estava terminando
De inventar o jumento
Mas resolveu descansar
Determinado momento
Chamou um anjo importante
Que era seu ajudante

E amigo particular
E lhe disse com capricho
Termine aqui esse bicho
Que eu vou ali descansar.

E quando Deus retornou
Do seu descanso sagrado
Deu de cara com o jumento
Que já tava terminado
Mas notou logo um defeito
E disse assim desse jeito: "Rapaz num tem jeito não,
só dá tempo eu me ausentar,
pro negócio desandar
no setor da criação."

É que o seu ajudante
Concluindo o animal
Deixou aquele negócio
Meio desproporcional
Metro e "mei" de comprimento
Maior do que o jumento
Chega passava da venta
Deus disse: "Num presta não,
que não vai ter posição
dele subir na jumenta."

O anjo disse: "Eu ajeito,
Comigo não tem fracasso,
É só pegar uma faca
E tirar aqui um pedaço."
As jumentas escutando,
Foram logo se juntando
E num desejo comum,
Disseram logo em seguida:
"Vê se arruma outra saída,
cortar? De jeito nenhum."

E fizeram uma assembléia
Colocaram em votação
Ganhou por unanimidade
A frase do "corta não"
Com a confusão criada Deus viu que da enrascada
O anjo não sairia,
Aí entrou em ação
Pra mostrar a dimensão
Da sua sabedoria.

A marreta de dois quilos
Pediu para alguém trazer
E disse: "Segura o jegue,
que a gente vai rebater."
Aí baixou a pancada
Dava cada marretada
Chega esquentava a marreta
E o jegue até hoje em dia
Possui a mercadoria,
Da forma de uma corneta.

domingo, 22 de agosto de 2010

From Brasil with love - Nós Não Nuncamos


Eu não nunco
tu não nuncas
mas eles nuncam
(os que nos limitam)
Brasileiro não desiste
(os que não se irritam)
se cansa
ainda existe
se quebra
insiste
Não chora
economiza
(a lágrima)
Avisa
verde
azul
amarelo
branco
negro
que não vai calar
Não é mudo
Não muda
Não pára
Não nunca!

O tempo e o modo



Aprendi a arranjar coisas.

Quase todas as minhas tentativas de fazer pequenas reparações, montagens de móveis com instruções, aparelhos de electrónica, televisões e hi-fi, terminavam em confusão, insucesso e frustração.

Havia sempre alguém ou de casa ou de fora que vinha "compor o ramalhete", e fazer funcionar.

Sempre estive convencido que por maldição da Natureza, me faltava a qualidade responsável pela aptidão pela mecânica!

Um dia destes, ao subir as escadas do meu escritório deparo com um vizinho novo que ainda não conhecia e que estava de portas abertas atarefado a montar a casa, com criancinhas pequenas aos pulos, mas com uma calma olímpica progredia nas diversas tarefas que normalmente são feitas em outsourcing. Comentei-lhe: " Sabe, tenho grande admiração por si. Nunca consegui arranjar esse tipo de coisas nem fazer nada do género"!

O meu vizinho, sem nenhuma hesitação, respondeu-me: " Isso é porque não lhe dedica tempo".

Na verdade, é sabido que nem tenho conhecimentos – nem sequer tempo para os adquirir – que me permitam resolver a maior parte das avarias "mecânicas" ou instruções a seguir para a montagem de aparelhos, dado que escolhi concentrar o meu tempo na minha vida profissional em assuntos não mecânicos. Portanto, continuo a ir a correr à oficina mais próxima ou recrutar especialistas.

Mas agora sei que é uma escolha feita por mim, que não fui "amaldiçoado", nem sou de outra forma incapaz ou impotente. E sei que eu ou qualquer outra pessoa, que não seja deficiente mental, podemos resolver qualquer problema se nos dispusermos a dedicar-lhe tempo.

A questão é importante, principalmente porque às vezes não nos dispomos simplesmente a gastar o tempo necessário para resolver muitos dos problemas intelectuais, sociais ou espirituais da nossa vida, tal como eu não o gastava até há bem pouco tempo em resolver problemas "mecânicos"!

Antes das minhas "iluminações" recentes em uma série de montagens e instalações, deitaria as mãos à cabeça e diria:

" Não sou capaz".

E eu acho que esta é a forma como muitos de nós abordamos outros dilemas da vida do nosso dia-a-dia.

A questão é muitas vezes de tempo.

Assim que nos apercebemos de um problema, sentimo-nos perturbados e exigimos uma solução imediata e não estamos dispostos a tolerar, o desconforto sentido, o tempo suficiente para analisarmos o problema.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

piropos brejeiros e quejandos




Se fai un'avance a una donna non sei un gentiluomo.
Se non la fai non sei un uomo.

Tradução carnal:

se fazes um piropo brejeiro a uma mulher não és um cavalheiro.
se não o fazes, não és um homem!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dear old Winston


Winston Churchill often dined with friends, dignitaries and celebrities at Chartwell, his beautiful country home in Kent.

He was a generous host, providing unlimited Champagne, cigars and brandy for the enjoyment of his guests.

One evening a friend of Churchill's, South African Prime Minister Jan Christian Smuts, brought him a bottle of South African brandy.

Churchill sampled the offering before looking appreciatively at Smuts. "My dear Smuts, it is excellent," he declared, "but it is not brandy."

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Caim ( de Saramago)



Li, nestes primeiros dias de férias, o livro "Caim" de Saramago.

Achei-o divertido, fantasioso como não pode deixar de ser, com uma escrita corrida e sem dificuldades de leitura.

Não vejo que qualquer crente possa ficar ofendido, chocado, indignado ou considerar uma blasfémia pois trata-se de uma ficção.

O único reparo que posso fazer é o de Saramago ter escolhido episódios bíblicos, que não me merecem a mais pequena credibilidade, mas com o intuito claro de demonstrar que Deus é mau, castigador e vingativo.

A visão delicodoce de uma voz tonitruante por detrás de nuvens espessas, com barbas longas e uma facies pouco nítida também não é melhor.

Na minha opinião, uma patetice pegada toda a campanha de defesa das versões bíblicas em contraposição ao ateísmo sabido e mais do que conhecido de Saramago!

Que grande gargalhada deve ele estar a dar pela importância que deram a este romancezeco e que feliz deve estar Pilar pelas receitas arrecadadas com a sua venda empolada.

Os tugas nunca percebem quando é para se levar a sério ou estão a reinar connosco!

A sério é para levar a desonestidade de Pilar e José Saramago que vieram com ímpetos de portugalidade desejar que os impostos sobre a sua fortuna colossal sejam taxados em Portugal quando sempre viveram em Espanha e lá foram amealhando bom dinheiro.

A Espanha tem toda a razão legal e moral e vamos ver se Portugal não vai ainda tentar adoçar a futura reforma de uma Pilar espanhola de quatro costados, que agora quer ser portuguesa.

Comunas de merda!

Nota: estes meus comentários nada têm que ver com a minha apreciação sobre o escritor. Foi aquilo a que chamei, noutro posting, as minudências de Saramago & Família, que não me interessam, não estou de acordo e detesto.

sábado, 7 de agosto de 2010

Summer holidays


The greatest time of the year
Summer holidays
Much freedom and a pint of beer
Summer holidays
Just do what you want
There’s no need to pant

Just have some fun with your friends
Summer holidays
You got even time to watch the ants
Summer holidays
Don’t ever dare to think of school
Summer holidays have no rules

Meet friends, have fun or just chill out
Buy milk, go swim or eat an ice upon a roundabout
You understand what they are like?
Summer holidays are the time of your life!

Kevin Deckert